O principal intuito de um diário de campo é relatar o que aconteceu em determinado dia no terreno. Contudo, desejo que este espaço seja mais do que um simples relato, tentarei reflectir sempre sobre cada dia passado no terreno. O que aprendi de novo, o que me fez pensar, o que me deixou curiosa, o que me motivou e o que me desiludiu. Certamente que o meu "eu" de agora será outro daqui a uns meses, mais completo e com mais histórias e experiências para partilhar. Os diários de campo encontram-se organizados por semestre, data, hora, local e conteúdo.

1.º Semestre

04 de Outubro de 2012 (do 12.30h até 13.00h): Reunião Informal

Local: Sede da Associação, átrio

 
“A primeira impressão: mais do que boa!”

    A primeira ida à instituição teve por base uma conversa informal com a Coordenadora da Associação. Esta visita permitiu-me conhecer o espaço exterior à Raízes e compreender o seu acesso em termos de transportes (por sinal bastante acessível).

    Anteriormente a esta visita já tinham sido enviados dois e-mails para a Associação, mas como não obtivemos qualquer resposta decidi deslocar-me até ao espaço. Nesta conversa voltei a explicar os objectivos do nosso trabalho e a Coordenadora deu a conhecer um pouco o trabalho da instituição e os projectos que se encontravam activos. Não posso deixar de dizer que se mostrou bastante receptiva e interessada em ajudar-nos, o que me deixou tranquila.

    Mas há um problema: os projectos direccionados para a intervenção comunitária estão neste momento dependentes do financiamento do Programa Escolhas, uma resposta que só sairá no mês de Novembro. Será que devemos esperar? É um risco, mas estamos confiantes que o financiamento vai de facto acontecer e que a espera vai valer a pena. No entanto, é conveniente pensar num plano B, o que significa que se os projectos não tiverem continuidade para o próximo ano, o grupo tem a hipótese de se integrar no Departamento de Formação ou no Centro de Apoio ao Estudo da Associação.

    Em termos pessoais posso dizer que esta reunião me proporcionou um maior à vontade no contacto com os outros (comunicação). Quer isto dizer que quando um dia me candidatar a um emprego e for entrevistada terei de manter um discurso calmo e coerente. É claro que não posso comparar uma entrevista de emprego a uma reunião deste cariz, mas temos de começar por algum lado e tirar benefício de todas as experiências.

 

29 de Outubro de 2012 (das 10.15h até 11.45h): Entrevista

Local: Sede da Associação, gabinete da Coordenadora do Departamento de Formação

 
“A primeira entrevista: o motor de arranque do trabalho”

    A segunda ida à Associação teve como objectivo entrevistar um dos elementos da direcção, entrevista essa que totalizou uma duração de 41 minutos e 52 segundos. Estava marcada para as 10.30h, mas comparecemos 15 minutos antes para podermos conhecer melhor o espaço e solicitar alguns documentos necessários ao desenvolvimento do trabalho, designadamente sobre a Raízes (história e missão) e os seus projectos. Esta entrevista foi o ponto de partida do trabalho, pois a partir desta foi possível compreender a missão da Associação, os projectos em que se insere e quais as suas potencialidades e maiores dificuldades. Embora a sua intervenção seja no sentido de apoiar crianças e jovens em situação de risco, também actuam junto das comunidades (público adulto que se encontra, por exemplo, desempregado).

    Se me perguntarem em que medida em que esta entrevista contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal, é fácil responder. A dada altura, a entrevistada salientou o facto de a maior parte destes jovens não ter uma estrutura familiar funcional e abandonar, precocemente, os estudos, ocupando o seu tempo a não fazer nada ou a roubar ou ainda ligado ao pequeno tráfico de droga. É uma realidade dura, praticamente a única via que estes jovens conhecem. Enquanto a maioria de nós sabe bem o que quer da vida, até porque a nossa família tenta guiar-nos para o “caminho certo”, estes jovens não sabem o que é isso, não sabem o que é ter um suporte familiar estável. Contudo, quando alcançam algo, por mais insignificante que seja, dão valor, ficam gratos pela oportunidade, enquanto nós nem valorizamos o que temos e, muitas vezes, queixamo-nos por tudo e por nada. É, justamente, esta a aprendizagem que retirei deste encontro: dar valor àquilo que tenho e aproveitar todas as oportunidades que se cruzam no meu caminho, ver uma oportunidade como a oportunidade da minha vida e não apenas como mais uma. Na verdade, tendo em conta a situação triste (mas infelizmente real) destes jovens, sou uma sortuda.

 

16 de Novembro de 2012 (das 18.30h até 20.40h): Observação

Local: Sede da Associação, sala de formação

 
“A primeira observação: em busca de algo, talvez…”

    O objectivo desta terceira ida à Raízes consistiu em observarmos uma sessão de formação, nomeadamente um Curso de Formação de Formadores – Formação Pedagógica Inicial de Formadores. Embora a formação tivesse início às 19h (que não teve, pois atrasou-se 20 minutos), decidimos comparecer meia hora mais cedo para podermos conhecer melhor o espaço onde ia decorrer a própria formação e conversar com a Coordenadora do Departamento de Gestão e Formação (a nossa entrevistada) acerca do nosso projecto de intervenção. A resposta ao projecto que gostaríamos de trabalhar – Entrelaços – só sairá no dia 30 de Novembro, porém ficámos mais tranquilas por saber que no mês de Dezembro podemos conhecer o espaço (situado nos Olivais) e a equipa técnica, o que nos permitirá avançar com o nosso projecto para podermos planificar a nossa acção.

    A Coordenadora falou-nos um pouco melhor sobre o funcionamento do Centro de Apoio ao Estudo, que funciona num horário das 16h às 20h. Neste mesmo dia encontravam-se cinco crianças, uma coordenadora (formada em Psicologia) e uma voluntária. O principal objectivo deste Centro é promover competências escolares, sociais e pessoais, abrangendo alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclo do ensino básico. Funciona, basicamente, como um incentivo ao estudo, ou seja, pretendem criar hábitos de estudo nos alunos, motivando-os no seu processo de aprendizagem. Assim, a sua missão não passa tanto por um serviço de explicações, pois para tal existe na Sede um gabinete próprio. Estas explicações são orientadas por um professor especializado e não por voluntários.

    Relativamente à observação, esta teve uma duração de 1 hora e 20 minutos e desenvolveu-se num ambiente informal e descontraído. Tratando-se de um Curso de Formação de Formadores, significa que se aqueles formandos (grupo de 13 indivíduos) passarem na formação ficam aptos para dar formação em qualquer área do conhecimento. No tempo em que me encontrei a observar foi possível reflectir sobre determinados aspectos: em primeiro lugar, esta experiência foi bastante positiva no sentido em que me permitiu compreender aquilo que um dia poderei vir a fazer profissionalmente – dar formação; em segundo, porque consegui apreender algumas técnicas que a formadora utilizou para captar a atenção dos formandos, algo que, por exemplo, nas apresentações da faculdade também poderei aplicar; e por último, sem dúvida que a partilha de experiências e histórias de vida são uma forma gratificante de aprendermos. Não considero muito correcto dizermos que determinada pessoa é melhor que outra, pois é algo muito subjectivo, mas penso que é natural cada um de nós ter maior conhecimento numa área do que noutra. Se partilharmos esses conhecimentos e deixarmos que os outros também nos ensinem um pouco daquilo que sabem, ambas as partes saem a ganhar.

 

13 de Dezembro de 2012 (do 12.15h até 13.15h): Entrevista

Local: Sede da Associação, sala de estudo

 
“A segunda entrevista: nesta fase diria mesmo crucial”

    Esta ida à Associação consistiu na realização de uma entrevista à Coordenadora do Departamento de Formação, entrevista essa que totalizou uma duração de 14 minutos e 49 segundos. A entrevista estava marcada para o 12.15h e apesar de termos tido aula de Seminário até ao 12h, conseguimos chegar a horas, o que significa que a localização da instituição é, sem dúvida, um ponto a nosso favor.

    A finalidade desta entrevista consistia em conhecer melhor o projecto de Formação da Associação, nomeadamente a sua principal missão, que tipo de acções de formação são desenvolvidas e a quem se destinam, onde decorrem (normalmente) essas acções de formação, a constituição da equipa de trabalho e as principais potencialidades e dificuldades do projecto.

    A nossa integração num dos projectos da Associação não foi propriamente um processo fácil, uma vez que optámos por esperar pela resposta do Programa Escolhas acerca do financiamento dos projectos da Raízes (resposta dada a dia 30 de Novembro). Apesar de a resposta ter sido positiva e de ter pensado que afinal a espera até tinha compensado, não foi isso que aconteceu. Surgiram contratempos face à nossa integração em dois dos projectos – Entrelaços e Ser Comunidade – e como tal decidimos integrar-nos no projecto de Formação, até porque é algo que também nos interessa. Confesso que íamos um pouco desmotivadas para a entrevista, devido aos anteriores contratempos, e expectantes.

    Contudo, o feedback não podia ter sido mais positivo. Fiquei motivada quanto às propostas debatidas sobre a nossa intervenção, principalmente com o facto de uma delas ser uma parceria com o Instituto de Educação, que não só trará benefícios para a Associação como para os alunos de Ciências da Educação. Seria sem dúvida uma forma de complementar a parte teórica do nosso curso, pois o contacto com profissionais desta área seria bastante vantajoso para os alunos e claro que sendo nós o motor de arranque desta parceria seria gratificante.

    Mas no fundo o que é que aprendi? Aprendi (ou reaprendi) que a partilha de ideias e o convívio com os outros pode ser fundamental para o surgimento de novas ideias, ideais poderosas! A comunicação é o ponto de partida para a tomada de decisão. Esta ida à instituição mostrou-me que o pessimismo não leva a lado nenhum e que as Ciências da Educação têm lugar sim no mercado de trabalho, basta querermos e sermos criativos.

 

20 de Dezembro de 2012 (das 15.45h até 16.30h): Reunião Informal

Local: Sede da Associação, átrio

 
“Com alguma esperança”

    Esta reunião com a Coordenadora do Departamento de Formação teve por base uma conversa informal acerca de qual poderia ser o nosso projecto de intervenção. Discutiram-se algumas ideias e, infelizmente, é provável que não nos integremos na Acção de Formação sobre prevenção de violência no namoro e violência doméstica, por uma questão de tempo. A Associação apenas tem a aprovação do projecto mas ainda não foram estipuladas datas de acção no terreno.

    Ficaram duas hipóteses em aberto: ou tentaríamos procurar empresas que fossem um local potencial de formação (e depois dirigíamos toda a parte da formação) ou fazíamos um levantamento de necessidades aos colaboradores da Raízes e talvez às parcerias mais próximas para tentar perceber se há alguma dificuldade sentida por estes que possa ser colmatada com uma formação. Após a análise dos dados construíamos um plano de formação, implementávamo-lo e no final avaliávamos o impacto dessa formação (se bem que provavelmente não teremos tempo para avaliar a formação).

    O nosso curso dá muita importância à formação (formação de adultos e professores) e este ano na Unidade Curricular de Modelos de Formação foi-nos ensinado como se constrói um plano de formação e quais os modelos de práticas de formação e avaliação existentes. É perceptível que o conhecimento está interligado e gosto da ideia de colocar as “mãos na massa”, de passar da teoria para a prática. Por vezes, o que aprendemos pode não fazer muito sentido naquele exacto momento, mas é certo que um dia fará toda a diferença, que nesse dia tudo se encaixará, como se de um puzzle se tratasse

 

2.º Semestre

06 de Fevereiro de 2013 (das 15h até 16h): Reunião Informal

Local: Sede da Associação, gabinete da Coordenadora

 
“Novo ponto de partida… Definitivo e para melhor!”

    Antes de mais importa referir que esta reunião foi um bom ponto de partida para a continuação do desenvolvimento do nosso projecto. Para além de me ter deixado mais tranquila, deixou-me também mais entusiasmada e expectante.

    Anteriormente a esta reunião com a Coordenadora, o grupo tinha-se reunido com a professora para discutir alguns pontos importantes do trabalho. Ficou claro que aquilo que inicialmente planeámos não era exequível, ou seja, não seria possível em termos de gestão de tempo avaliar o impacto do nosso plano de acção. Assim, ao invés de elaborarmos um plano de acção, desenharemos um plano de formação. Será, portanto, o Plano de Formação 2013 da Raízes.

    Outra mudança que ficou assente nesta reunião foi a questão do público-alvo. Basicamente alargaremos a nossa amostra, o que significa que nesta primeira fase faz sentido incluir antigos formandos da Associação e os colaboradores. Mais para a frente veremos se fará sentido incluir os formadores, mas por enquanto não. A Associação vive, maioritariamente, de financiamento público e de donativos, contudo a formação que vende serve, justamente, para gerar lucro. Neste sentido, a nossa intervenção vai ao encontro da sua política, pois o plano de formação que iremos elaborar são formações pagas, formações que caso tenham adesão serão pagas pelos formandos e usufruídas gratuitamente pelos colaboradores.

    As mudanças significam isso mesmo, MUDANÇAS! Sejam boas ou más não interessa, porque continuam a significar o mesmo, embora as consequências variem. Felizmente neste caso tratasse de uma mudança positiva, diria mesmo uma mudança rejuvenescida. Mais uma vez, fica claro que o diálogo é uma ferramenta poderosa e que a troca de ideias, a meu ver e tendo em conta aquilo que tenho vindo a aprender com esta Licenciatura, leva-nos até onde quisermos ir desde que estejamos receptivos.

 

27 de Fevereiro de 2013 (das 10h até 17.30h): Caracterização do Público-alvo

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 
“Ratos de biblioteca, às vezes é mesmo preciso”

    Este foi, sem dúvida, um dia longo mas produtivo. Finalmente ocupámos o nosso lugar na instituição e sentimo-nos integradas. Posso dizer que me senti à vontade, em parte porque o ambiente é calmo e descontraído, se bem que um “bocadinho de confusão” também não fazia mal nenhum, confesso.

    Antes de desenharmos o plano de formação, necessitamos de elaborar um questionário aos formandos e colaboradores para conseguirmos compreender quais as áreas de interesse predominantes e que valham a pena constar no plano de formação. Todavia, é fundamental conhecermos a nossa amostra, isto é, não seria possível (pelo menos de forma correcta) projectar um questionário sem caracterizar o público-alvo. Tudo tem de ser feito, como se costuma dizer, com “pés e cabeça”.

    Neste sentido, importa clarificar o conceito de amostra, que segundo Almeida e Freire (1997) significa um “conjunto de situações (indivíduos, casos ou observações) extraídos de uma população” (p. 97). Como forma dos dados obtidos irem ao encontro do problema em questão, é necessário ter em conta a qualidade da amostra, isto porque esta amostra vai representar a maioria. No entanto, espera-se que os resultados sejam independentes dos sujeitos que foram avaliados

    Para caracterizarmos o nosso público-alvo tivemos de analisar alguns arquivos, arquivos esses que continham as informações que nos permitiram construir uma grelha de informação sobre os formandos e colaboradores da Associação. No link abaixo encontram-se duas das grelhas elaboradas pelo grupo:

Dados dos Formandos 2011 e 2012.pdf (264450)

Dados dos Colaboradores.pdf (102079)

    Apesar dos dados, à partida, concederem-nos uma noção clara acerca de alguns aspectos – por exemplo: se a amostra é predominantemente feminina ou masculina, qual o grau de habilitação literária dominante, quais os cargos profissionais mais ocupados, etc. – é indispensável uma análise rigorosa e uma interpretação fiel dos dados.

    Embora produtivo, foi um dia cansativo, um dia metidas num escritório em frente a um computador e a retirar informação de dossiers. Mas às vezes é mesmo necessário passar por dias assim, com certeza que quando me encontrar empregada nem todos os dias vão ser fáceis ou divertidos. Hoje foi mesmo preciso ser “rato de biblioteca”, até porque avançámos com a informação que pretendíamos e isso foi o mais importante. A persistência é algo que devemos valorizar.

 

- ALMEIDA, L. S. & FREIRE, T., (1997). População e amostras. In: Almeida e Freire, Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Coimbra: APPORT – Associação dos Psicólogos Portugueses, pp. 96- 107.

 

06 de Março de 2013 (das 10h até 17.30h): Trabalhar as Características do Público-alvo

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 

“Olhar os dados com outros olhos”

    Mais um dia de trabalho na instituição! Passada a fase de recolha de dados qualitativos sobre a amostragem, hoje foi a fase de trabalhar esses dados. Analisar os dados é talvez um dos processos mais desafiantes, pois é nesse momento que damos conta da verdadeira realidade.

    O trabalho de hoje consistiu em construir gráficos de modo a obtermos os seguintes resultados: se os formandos e os colaboradores da Associação eram na sua maioria do sexo feminino ou masculino; se a ocupação profissional dos formandos coincidia na sua maioria ou se pelo contrário era demasiado dispersa; e se havia alguma área de especialização dos colaboradores dominante. De forma sintética, deu para perceber que os formandos são na sua maioria mulheres, o que não acontece com os colaboradores e que as Ciências Sociais e Humanas são a área profissional com mais destaque.

    Outra das tarefas realizadas pelo grupo fundou-se na pesquisa sobre “formação contínua de formadores”, isto porque faz sentido cruzar potenciais áreas de formação (para os formandos e colaboradores) com as áreas nas quais a Raízes é acreditada. Através do site oficial do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) sobressaem:

  1. Desenvolvimento de Recursos Formativos para a Internet – WEBQUEST;
  2. Gestão da Formação;
  3. Gestão do Conflito no Processo Formativo;
  4. Técnicas de Avaliação na Formação;
  5. Para uma Cidadania Activa: Aprendizagem Intercultural.

    No fundo, aquilo que fizemos hoje pode mesmo ser parte daquilo que profissionalmente um dia vamos fazer. O levantamento de necessidades e a elaboração de planos de formação são duas das competências de um Técnico Superior de Formação/Coordenador de Formação/Gestor de Formação. Este contacto com a realidade é extremamente convidativo, servindo como uma pequena amostra daquilo que um dia podemos vir a desempenhar. Penso que chegou o momento de estarmos atentos às oportunidades que possam surgir e de tirar partido de todas as experiências.

    A propósito das saídas profissionais que um licenciado em Ciências da Educação está legalmente habilitado, convido-vos a visitar o site da Associação Nacional de Licenciados em Ciências da Educação (ANALCE).

 

- https://www.iefp.pt

- https://analce.org/

 

13 de Março de 2013 (das 10h até 17.50h): Construção do Questionário

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 
“Será que os conhecimentos já adquiridos têm assim tanto valor na prática?”

    Mais um dia de trabalho, mais um dia de grandes avanços. O objectivo final do dia de hoje era partirmos para a construção do questionário, questionário esse que nos possibilitará identificar as áreas de formação que farão parte do nosso Plano de Formação 2013.

    Antes de começarmos a delinear o questionário, foi necessário terminarmos os gráficos relativos à divisão dos grupos profissionais dos formandos. No entanto, tudo tem de ser feito com rigor e, como tal, consultámos a publicação da Classificação Portuguesa das Profissões 2010, publicação essa editada pelo INE    (Instituto Nacional de Estatística), de modo a agruparmos as diversas áreas profissionais em grandes grupos profissionais. Após reunirmos os dados devidamente trabalhados foi possível passar para a fase seguinte: questionário.

    Relacionando um pouco com aquilo que já sabemos sobre a elaboração de um questionário, importa dizer que este instrumento de avaliação é uma forma inteligente de poupar tempo. Por outras palavras, pode ser uma alternativa à entrevista. Contudo, isto não significa que o processo de construção e análise sejam feitos de forma leviana, antes pelo contrário.

    No momento da construção do questionário persistem aspectos que devemos ter em conta, caso contrário corremos o risco de os resultados saírem enviesados. Segundo Foddy (1996, p. 203), é pertinente:

  • Utilizar uma linguagem clara e rigorosa, evitando palavras abstractas e genéricas;
  • Garantir que as perguntas são relevantes e que não se repetem (objectividade);
  • Evitar que aquilo que é dito possa causar reacções estereotipadas;
  • Certificar que os inquiridos compreendem o tipo de resposta solicitada;
  • Apostar na simplicidade e numa boa estrutura do questionário.

    Tendo em conta a nossa experiência, bem como os conhecimentos teóricos que fomos adquirindo ao longo da Licenciatura, procurámos que o nosso questionário obedecesse a um conjunto de regras. Para teres acesso a este último, clica aqui.

    Face a tudo o que foi dito, a resposta é: sim. É possível transportar para a prática aquilo que aprendemos na teoria e só temos a ganhar com isso. Colocar em prática os nossos conhecimentos é algo que nem sempre é fácil, mas que vale a pena, porque é nesse momento que as nossas aprendizagens ganham significado.

 

- FODDY, William (1996). Como perguntar: teoria e prática da construção de perguntas em entrevistas e questionários. Oeiras: Celta, pp. 141-209.

- https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=107961853&PUBLICACOESmodo=2

- www.ine.pt

 

20 de Março de 2013 (das 10h até 13.30h): Envio do Questionário

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 

“O poder da comunicação”

    Finalmente chegou o dia de enviar o questionário para os formandos e colaboradores da Associação. Anteriormente ao envio do questionário, a Coordenadora sugeriu pequenas mudanças, especialmente quanto à designação de algumas áreas de formação.

    É importante que o grupo mantenha uma boa relação com a Coordenadora, pois as relações conflituosas tendem a gerar mal-estar e podem influenciar, negativamente, os resultados do estudo. Neste sentido, e abordando a temática da “Polifonia da Comunicação Humana”, é de salientar que o ser humano vive de comunicação e uma das funções mais significativas da linguagem é a função de influência e poder. Por outras palavras, “toda a comunicação humana (…) é sempre um jogo de afirmação, influência e poder (…) porque a comunicação humana é interlocução, relação e interacção” (informação retirada do Documento de Trabalho da Unidade Curricular de Teoria da Educação, p. 81).

    Tendo em conta as afirmações acima, compreende-se que é a partir da comunicação que os sujeitos se relacionam e chegam mais facilmente a um consenso. É a partir da comunicação que conhecemos o outro e criamos relações interpessoais.

    Voltando um pouco ao questionário, supostamente deverá ser submetido até ao dia 2 de Abril, no entanto caso não obtenhamos muitas respostas alargaremos o prazo por mais uma semana. Este alargamento não nos afastará da nossa planificação, pois ao invés de termos duas semanas para analisar os resultados teremos de ser mais eficientes e fazer o mesmo trabalho em uma semana. Contudo, neste caso, penso que será mais vantajoso para o grupo ter mais dados com que trabalhar, do que propriamente cumprir prazos.

 

- DOCUMENTO DE TRABALHO DA UNIDADE CURRICULAR DE TEORIA DA EDUCAÇÃO. A Educação como Comunicação, pp. 73-83.

 

03 de Abril de 2013 (das 10h até 13.00h): Reenvio do Questionário

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 

“Será uma crítica um conflito?”

    Hoje foi um dia de trabalho um pouco mais “soft”. Tal como previsto, foi mesmo necessário prolongar o prazo de submissão do questionário até ao dia 9 Abril. Infelizmente, o número de respostas foi bastante reduzido, o que não nos permitia trabalhar devidamente os dados ou pelo menos os resultados seriam irrealistas.

    Uma vez que no final do questionário havia a possibilidade de os inquiridos contribuírem com alguma sugestão, decidimos analisar as respostas que já tínhamos como forma de perceber se havia algo que podíamos melhorar neste segundo envio do questionário.

    Com base numa sugestão, fomos alertadas que não era possível seleccionar duas respostas, tal como solicitávamos inicialmente. Apesar de termos testado o questionário antes de enviar para os formandos e colaboradores, não reparámos que havia esse problema. No fundo, procurámos aproveitar uma crítica para melhorar o nosso trabalho, e claramente que foi um crítica construtiva e não destrutiva.

    Pegando nesta questão – crítica – podemos associá-la a um tipo de conflito. Como futuros licenciados em Ciências da Educação, gerir relações humanas, logo gerir conflitos, é algo para o qual devemos estar preparados. Ora, segundo Thomas (1992, cit. em McIntyre, 2007), entende-se por conflito o “processo que começa quando uma das partes percebe que a outra parte a afectou de forma negativa” (p. 297).

    Podemos dizer que o conflito nas organizações é um processo dinâmico e evolutivo. Persistem vários estilos para lidar com o conflito, contudo uma das formas mais desejáveis de gerir este último passa pela via da negociação ao invés da confrontação. Porém, não pode deixar de ser mencionado que para cada situação devemos utilizar o estilo que mais se adequar.

    Portanto, uma crítica não tem necessariamente de significar um conflito, e mesmo que se torne num conflito devemos encará-lo numa perspectiva positiva e não negativa. O que não devemos fazer é ignorar esse conflito, tal como nos diz McIntyre (2007): “Podemos tentar ignorá-lo, dizer que tal problema não existe (...), mas isso não quer dizer que o conflito não esteja lá, por debaixo da superfície” (p. 303).

 

- McINTYRE, Scott Elmes (2007). Como as pessoas gerem o conflito nas organizações: estratégias individuais negociais. In: Análise Psicológica, 2, XXV, pp. 295-305.

 

10 de Abril (das 10h até 15.30h) e 11 de Abril de 2013 (das 12.30h até 17h): Telefonar aos Formandos

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 

“Análise dos dados”

    Antes de mais quero explicar que considerei por bem juntar os dois diários de campo desta semana, uma vez que a tarefa realizada na Raízes foi a mesma. Basicamente, apesar de termos conseguido mais algumas respostas ao questionário, o número foi, igualmente, insuficiente para partirmos para a análise dos dados.

    Assim, o objectivo do grupo para esta semana foi telefonar para todos os formandos com o intuito de obtermos mais respostas. No final conseguimos aglomerar 54 respostas (em 79), um número significativo.

    De modo a não nos atrasarmos na nossa planificação, a análise dos dados do questionário não foi realizada na Associação, mas sim fora como trabalho autónomo. No entanto, considero fundamental abordar a seguinte temática: tratamento e explicação dos dados.

    Na perspectiva dos autores Almeida e Freire (1997), o tratamento dos dados ocorre em dois momentos. No primeiro, a finalidade passa por sistematizar os resultados (por exemplo, a partir de gráficos, quadros ou listas de categorias) e apresentar, sob a forma descritiva, as principais características. Já no segundo, espera-se que o investigador teste as hipóteses, ou seja, analise as relações entre as variáveis, apoiando-se na estatística inferencial.

    Quanto à generalização e explicação dos dados, importa que o investigador questione sobre a representatividade das amostras utilizadas, e que essa generalização acompanhe a verdadeira dimensão do problema. Conforme nos é dito pelos autores, “Frequentemente se define a investigação e o trabalho do investigador como a procura das leis explicativas de um fenómeno ou grupo de fenómenos” (p. 192), o que significa que antes de tirar conclusões, o investigador deverá questionar-se sobre outras possíveis explicações. Contudo, também sabemos que “uma probabilidade estatística não é uma certeza, ao mesmo tempo que valores reportados a grupos e a amostras não respondem pela singularidade humana existente e que dá sentido a cada indivíduo” (p. 193).

 

- ALMEIDA, L. S. & FREIRE, T., (1997). Resultados: análise e discussão. In: Almeida e Freire, Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Coimbra: APPORT – Associação dos Psicólogos Portugueses, pp. 177-204.

 

18 de Abril de 2013 (das 12.30h até 17.30h): Começar o Plano de Formação

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 

“Elaborar um plano de formação vs. Planificar uma acção de formação”

    O dia de hoje foi, provavelmente, um dos dias mais esperados uma vez que começámos a construir o Plano de Formação. Após a análise dos dados do questionário, relativamente aos formandos as acções de formação que obtiveram mais votos foram:

  • Formação Contínua de Formadores: Gestão Avançada da Formação
  • Desenvolvimento Pessoal e Comportamental: Comunicação e Apresentações em Público
  • Técnicas de Apoio à Gestão de Empresas/Organizações: Liderança e Coordenação de Equipas
  • Informática: Criação e Gestão de Base de Dados
  • Educação/Intervenção Social: Promoção da Igualdade de Género em Contextos de Risco

    Quanto aos colaboradores da Associação, na sua maioria, as acções de formação foram as mesmas, excepto nas áreas de Desevolvimento Pessoal e Comportamental (Organização e Gestão do Tempo) e Educação/Intervenção Social (Técnicas de Intervenção com Jovens em Risco).

    É de salientar que para já a área de Informática e de Educação/Intervenção Social não constarão no Plano de Formação. Relativamente à área de Formação Contínua de Formadores, uma vez que a segunda acção de formação mais escolhida foi a de Gestão do Conflito tanto para os formandos como para os colaboradores será essa a seleccionada. Estas alterações devem-se ao facto da Raízes ter mais experiência de formação numas áreas do que noutras.

    Assim, e tomando como exemplo anteriores planos de formação da Associação, o nosso Plano de Formação organizar-se-á da seguinte forma:

Tabela Acções de Formação.jpg (56032)

 

    Analisando a obra de Ketele, Chastrette, Cros, Mettelin e Thomas (1994), é importante que os futuros participantes tenham acesso às condições pedagógicas das acções de formação. Neste sentido, cada acção deverá ter em conta: tema da acção; datas, local e tempo de duração; responsável pela acção; quadros; objectivos da acção; programa; e métodos.

    Elaborar um plano de formação e planificar uma acção de formação são duas coisas distintas. Apesar do nosso projecto de intervenção não passar propriamente pela planificação de uma acção não deixa de ser importante reflectir sobre esta questão.

    Segundo estes autores, é crucial que para cada acção subsistam: finalidades e objectivos gerais; recursos humanos, financeiros e materiais; pormenores acerca de dados referentes à acção (local, data, duração, etc.); pormenores acerca das dificuldades relativas à gestão financeira; e pormenores acerca do grau de autonomia do formador. No fundo, “Planificar uma acção é estabelecer um plano pormenorizado em termos de tempo, de tudo o que deve ser previsto para permitir a sua realização; é definir progressivamente uma visão cada vez mais clara da acção” (p. 43).

 

- KETELE, J.M.; CHASTRETTE, M.; CROS, D.; METTELIN, P. & THOMAS, J. (1994). Guia do Formador. Lisboa: Instituto Piaget.

 

02 de Maio de 2013 (das 12.30h até 17h): Conclusão do Plano de Formação

Local: Sede da Associação, gabinete de trabalho

 

“O poder das expectativas”

    O objectivo para o dia de hoje era concluir o Plano de Formação. Seguindo as orientações da docente, começámos por reformular os objectivos específicos e acrescentar os conteúdos programáticos das duas acções de formação iniciadas na semana passada – Comunicação e Apresentações em Público e Liderança e Coordenação de Equipas.

    Mais uma vez é visível que definir objectivos não é, embora se possa pensar o contrário, uma tarefa assim tão simples. O erro mais comum é não sermos específicos, fazendo com que os objectivos específicos se assemelhem mais a objectivos gerais. É importante que estes sejam concretos e claros, pois o leitor tem de ficar esclarecido quanto à finalidade da acção de formação, ou seja, após a formação ficará apto para quê?

Quando começámos a definir o plano de formação para a formação de Gestão de Conflitos tivemos presente estas preocupações. O mais difícil? Provavelmente, definir os conteúdos programáticos. Não propriamente na organização, mas sim na definição dos temas, uma vez que eram matérias desconhecidas, excepto esta última formação. Para a concretização deste trabalho foi necessário consultar outros planos de formação e os Referenciais de Formação Pedagógica Contínua do IEFP.

    Concluído o plano de formação, e agora? Superou as minhas expectativas? Quais eram as minhas expectativas? Na verdade, superou as minhas expectativas, uma vez que inicialmente não pensei que o plano fosse tão pormenorizado por nunca antes ter concebido nenhum e por ser inexperiente.

    Podemos ver as expectativas como a percepção que cada um tem do seu próprio papel e do papel do outro. Segundo Postic (2007), a “expectativa é dinâmica porque o indivíduo projecta no futuro a sua esperança de satisfação” (p. 147). Mais ao nível da relação pedagógica, as expectativas e as representações mútuas entre professor e aluno podem ser cruciais para o tipo de relação que se estabelece. Este mesmo autor diz-nos que é significativo ir mais além da expectativa formulada e descobrir o seu significado, caso contrário a relação pedagógica pode à partida ficar condicionada:

“Algumas reacções condicionais nascem e reforçam-se ao longo das mesmas sequências que se reproduzem. A partir daí, não é possível nenhuma relação educativa positiva. O docente espera a confirmação da sua previsão; o aluno, a confirmação da sanção e da atitude do docente a seu respeito: o bloqueamento é inevitável” (p. 147).

    Embora inicialmente tenha mencionada as expectativas no sentido de terem ou não sido superadas em relação à construção do Plano de Formação, tudo se encontra interligado. Assim, é natural que possua representações face à Coordenadora, e caso essas representações fossem negativas o trabalho desenvolvido na Associação seria, muito provavelmente, afectado.

    É importante deixar-nos conhecer e tentar conhecer o outro, formulando expectativas à medida que a relação se desenvolve – DESCOBRIR O SIGNIFICADO DAS EXPECTATIVAS. No meu caso, estas não condicionaram a elaboração do plano de formação, antes pelo contrário. Confiar em alguém com mais experiência de campo permitiu-me pensar em hipóteses que não teria pensado se nem sequer tivesse prestado atenção às suas orientações.

 

- POSTIC, Marcel (2007). Funcionamento da relação. In: Marcel Postic. A relação pedagógica. Lisboa: Padrões Culturais Editora, pp. 133-161.

- https://www.iefp.pt/formacao/formadores/formacao/ReferenciaisFormadores/FormacaoContinua/Paginas/FormacaoPedagogicaContinua.aspx

 

08 de Maio de 2013 (das 10h até 13h): Divulgação das Acções de Formação

Local: Lumiar, Quinta das Conchas e Cidade Universitária

 

“Trabalho publicitário”

    O dia de hoje na instituição foi fora da instituição. Após concluirmos o plano de formação, decidimos colaborar na divulgação das acções de formação, a primeira (Falar em Público – Apresentações de Sucesso) agendada já para o mês de Junho.

    Depois de reunirmos todos os cartazes e panfletos, decidimos que fazia sentido começar a divulgação na zona do Lumiar, tendo em conta a localização da Raízes. Para além de entrarmos em vários cafés, um local que considerámos um ponto de referência visto ser frequentado por muitas pessoas, afixámos a informação na Junta de Freguesia e no Centro Comercial do Lumiar (quiosque e papelaria).

    Seguidamente, caminhámos em direcção ao ISEC (Instituto Superior de Educação e Ciências) e deixámos na secretaria alguns cartazes. Para além deste instituto se encontrar bastante perto da Associação, pois situa-se na Quinta das Conchas, é um local frequentado por estudantes, ou seja, foi importante para nós divulgar as acções de formação junto do seu público-alvo.

    Por fim, dirigimo-nos até à Cidade Universitária e fizemos a divulgação na Reitoria, Faculdade de Letras, Faculdade de Direito e na nossa própria faculdade. É importante salientar que tivemos de respeitar algumas regras, nomeadamente a fixação dos cartazes nas universidades prescrevia a autorização da própria universidade ou da associação de estudantes.

    Foi de facto um dia diferente, um dia até de alguma prática desportiva tendo em conta as deslocações. Esperemos que a divulgação tenha surtido efeito e traga os seus frutos. Se estiveres interessado em participar em alguma das acções de formação da Associação Raízes e ainda não tiveste oportunidade de ver o programa, clica aqui.

 

- https://www.jf-lumiar.pt/

- https://www.isec.universitas.pt/index.php/pt/

- https://www.ul.pt/portal/page?_pageid=173,177031&_dad=portal&_schema=PORTAL

- https://www.fl.ul.pt/

- https://www.fd.ul.pt/

- https://raizes.pt/2013/04/30/curso-falar-em-publico-apresentacoes-de-sucesso/

 

22 de Maio de 2013 (das 10.30h até 11.30h): Entrevista Final

Local: Sede da Associação, gabinete da Coordenadora

 

“Avaliação do projecto”

    Hoje foi a última ida à instituição, pelo menos que tenha a ver com o projecto. O objectivo consistiu na realização de uma última entrevista à Coordenadora, como forma de obtermos um balanço global do nosso percurso na Associação. A entrevista era relativamente pequena, uma vez que se centrava exclusivamente na avaliação que a Coordenadora fazia da prestação do grupo, nomeadamente: como tinha decorrido a nossa integração na instituição, como tinha sido a própria dinâmica do grupo, como se caracterizava a relação entre o grupo e a Coordenadora e qual o impacto do projecto na Associação.

    Pessoalmente, encarei esta ida à instituição como um culminar de todo o trabalho feito, um percurso pautado por altos e baixos, mas acima de tudo realizado com alguma maturidade e responsabilidade e com vontade de fazer mais e melhor. Obviamente que o projecto não se encontra totalmente terminado, sendo que agora é preciso apostar na discussão dos resultados e na própria reflexão do grupo acerca do projecto e do seu impacto.

    Na perspectiva da Coordenadora ainda não é possível percepcionar se o projecto teve impacto ou não, porque na verdade só saberemos quando o que foi planeado acontecer na prática. No entanto, a mesma afirma que “pelo menos mexeu aqui qualquer coisa e acho que isso não foi um projecto meramente académico, (…) está na net, está a circular. Portanto sim, fez alguma diferença sim mas só mais tarde é que poderemos dizer exactamente”. Julgo que mais importante do que ter impacto no momento presente, talvez seja a possibilidade de o projecto fomentar uma mudança de práticas que levem à melhoria. Portanto, é importante que no final seja feito um trabalho reflexivo sobre formas do projecto ter continuidade e de o trabalho feito ser reaproveitado.

    No final da entrevista, a Coordenadora considerou que a nossa prestação foi boa, mas claro que há sempre aspectos que podem ser melhorados: “Acho que vocês trabalharam bem, acho que foram respeitosas aqui em relação ao espaço e à Associação e acho que fizeram um bom trabalho”.

    Quando se diz que nem tudo correu na perfeição e que havia coisas que podiam ser feitas ou pensadas de outra forma, aceito isso como um comentário positivo e como estímulo para que em projectos futuros não se voltem a cometer os mesmos “erros”.

    Mais uma vez não poderia deixar de citar o autor Domingos Fernandes (2011) relativamente à utilização da avaliação. Segundo este, “espera-se que os resultados da avaliação de um programa ou de um projecto sejam utilizados directa ou instrumentalmente na tomada de decisões” (p. 203). Acrescenta ainda que as “avaliações podem alertar as pessoas para uma diversidade de situações em que ainda não tinham pensado” (p. 204).

    É visível que a avaliação é encarada como uma prática social, que pretende “caracterizar, compreender, divulgar e melhorar uma grande variedade de problemas”, sendo que um “dos desafios que hoje se coloca à avaliação é o de contribuir para melhorar a vida das pessoas, das instituições e das sociedades” (Fernandes, 2009, p. 36).

 

- FERNANDES, Domingos (2009). Avaliação de programas e de projectos pedagógicos. In: Sapiens 2009 (Ed.), Anais do VIII Congresso Internacional de Educação. Recife, PE: Sapiens – Centro de Formação e Pesquisa, pp. 36-40.

- FERNANDES, Domingos (2011). Avaliação de programas e projectos educacionais: Das questões teóricas às questões das práticas. In: Domingos Fernandes (Org.). Avaliação em educação: Olhares sobre uma prática social incontornável. Pinhais, PR: Editora Melo, pp. 185-208.