Um diário de aula para além de ter como finalidade descrever o que aconteceu de mais relevante em cada aula, é uma boa forma de nos fazer reflectir sobre novas aprendizagens. Neste espaço ambiciono, de forma articulada, debater sobre aspectos que para mim foram os mais significativos. Muitas vezes trata-se de relembrar conhecimentos já apreendidos, mas outras vezes chegamos a conclusões que nunca antes tínhamos pensado e é isso que faz a diferença. É isso que nos faz crescer e “amadurecer”. Decidi, então, organizar os diários de aula por semestre, número de aula e data.

1.º Semestre

1ª Aula: 20 de Setembro de 2012

    Na primeira aula de Seminário de Integração Profissional IV, a docente começou por se apresentar, falando um pouco sobre o seu percurso académico e profissional. Os alunos também se apresentaram e tiveram a oportunidade de falar sobre a forma como o curso estava a decorrer até ao momento, nomeadamente quais as disciplinas que tínhamos gostado mais e quais as perspectivas futuras. Para mim esta aula, embora a primeira, mostrou-se importante uma vez que me permitiu reflectir um pouco sobre o que fazer a seguir à Licenciatura, sobre aquilo que profissionalmente gostaria de vir a fazer.

    Foi-nos explicado os objectivos da disciplina, de que forma está esta estruturada e quais as etapas do nosso projecto de intervenção. O projecto de intervenção será um dos elementos avaliativos mais importantes, tendo um peso de 45% na nota final. Será desenvolvido numa instituição à escolha por nós, e a meu ver é uma mais-valia optarmos por uma que vá de encontro às nossas preferências vocacionais. Pretende-se uma caracterização da instituição mas, sobretudo, uma intervenção directa da nossa parte, ou seja, trabalharmos no próprio terreno. Este projecto terá continuidade no próximo semestre, o que significa que SIP IV será leccionado pela mesma docente. No primeiro semestre (Outubro de 2012 a Janeiro de 2013) a finalidade passa por conhecer a instituição (caracterizá-la) e planificar o nosso projecto de intervenção, ao passo que no segundo (Fevereiro a Junho de 2013) o objectivo é a própria execução e avaliação do projecto.

    A docente falou, igualmente, sobre o Portefólio Digital que cada aluno terá de desenvolver, aconselhando que para além de descritivo deve conter sempre uma vertente reflexiva. Embora difícil, penso que é um bom exercício, pois na maioria das vezes não damos valor ao que fazemos, nem sequer paramos para pensar naquilo que realmente aprendemos.

    No final, foi-nos dado a conhecer a Plataforma Schoology, que servirá como um “guia” a todo o trabalho desenvolvido na disciplina. Serão, portanto, disponibilizados os textos e documentos de apoio e a planificação e apresentações das aulas.

2ª Aula: 27 de Setembro de 2012

    Esta aula serviu para esclarecermos dúvidas quanto ao projecto de intervenção que temos de desenvolver nestes dois semestres (SIP IV e V), designadamente quais as áreas de intervenção que deveríamos optar. No caso do meu grupo, as áreas que mais nos despertam interesse são a de intervenção social e a de desenvolvimento local. Relativamente a esta segunda área, no ano passado aprendemos, na disciplina de Formação de Adultos, que é um processo de aprendizagem colectiva, no qual se valoriza os saberes experienciais, como forma de se resolver os problemas a nível local. Fica a ideia que quando falamos em desenvolvimento local devemos ter presente a expressão “pensar globalmente, agir localmente” (Canário, 2001, p. 63), uma expressão que ganhou força a partir dos anos 70 e 80. Percebe-se que há um diálogo e interacção entre os técnicos e a população, que conduz a práticas de animação. Independentemente da área que optarmos é importante não esquecer que o nosso trabalho será muito na base da “interacção com o outro”. Face às nossas preferências, a docente indicou-nos o Programa Escolhas que “visa promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, particularmente dos descendentes de imigrantes e minorias étnicas, tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social” (retirado do site oficial). A sua missão é criar e financiar projectos, a serem desenvolvidos por várias instituições.

    Na hora da selecção de uma instituição devemos ter em conta alguns critérios, tais como: horário de funcionamento (compatibilidade com o nosso horário escolar); a nossa prática terá de ter uma intencionalidade pedagógica; a instituição terá de ter projectos activos (o ideal é nós próprios acrescentarmos, se possível, novos objectivos); localização (deslocar-nos até à instituição não deve ser algo que condicione o nosso trabalho e, como tal, devemos certificar-nos que temos à nossa disposição os meios de transporte necessários para chegar à instituição rapidamente); disponibilidade de um tutor para esclarecer todas as nossas dúvidas; e disponibilidade de um espaço (de modo a intervirmos directamente nas actividades da instituição é essencial a presença de um espaço próprio para trabalharmos à vontade).

    Nesta sessão, a professora falou com mais pormenor sobre as fichas de leitura que deveremos entregar (no total serão quatro), salientando o facto de não ser só mais uma síntese de um texto mas tentar ao máximo questionar aquilo que é dito, “olhar” o texto de uma forma crítica. No fundo, tudo aquilo que fazemos deve ser feito com o maior empenho, deve causar de algum modo um impacto no nosso desenvolvimento enquanto aluno e pessoa. Devemos atribuir significado a tudo aquilo que estamos envolvidos!

 

- CANÁRIO, Rui (2001). Educação de Adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa.

- https://www.programaescolhas.pt/

3ª Aula: 04 de Outubro de 2012

    A finalidade desta aula consistiu em reflectirmos sobre o que é um Projecto de Intervenção, nomeadamente: a sua definição; o que é que um projecto permite; quais as suas características; e quais as suas fases. Um vez já termos desenvolvido, no semestre passado, um projecto de intervenção, estas questões serviram mais para relembrarmos a importância de um projecto deste cariz e qual o nosso papel.

    Compreendemos que o termo “projecto” assume várias conotações, sendo, por isso, polissémico. Implica sempre um propósito ou uma finalidade, logo desempenhamos um papel activo e não passivo: a nossa intervenção é a peça-chave do projecto. Assim, um projecto permite-nos conhecer uma outra realidade social, agirmos como actores responsáveis e interventivos, desenvolver a capacidade de questionamento e potenciar a mudança numa determinada área. Importa referir que um projecto é um processo a longo prazo, é flexível, procura responder a necessidades, tem objectivos específicos, pressupõe a iniciativa e autonomia, não é estático (uma vez que ao longo do tempo pode sofrer alterações) e tem de ser, obrigatoriamente, exequível. Enumeram-se cinco principais fases: diagnóstico; planificação; realização; avaliação; e divulgação dos resultados.

    Mas afinal o que é isto de Projecto Educativo? À luz da obra de Macedo (1993) entendemos que não há, propriamente, um espaço e um tempo bem definidos. Este é entendido como “a definição de uma orientação com que se pretende o desenvolvimento e inserção criativa do sujeito em diferentes situações” (p. 111). São, portanto, abordados princípios de ordem social, cultural, política, profissional e até mesmo religiosa.

 

- MACEDO, Marta (1993). Projecto ou apropriação no presente do tempo futuro. In: Marta Macedo. A Construção do Projecto Educativo de Escola. Universidade Nova de Lisboa: Faculdade de Ciências e Tecnologia, pp. 99-112.

4ª Aula: 11 de Outubro de 2012

    Nesta quarta aula foram exploradas as seguintes temáticas: Investigação Qualitativa em Educação e Entrevista Exploratória. Quanto à investigação qualitativa é necessário ter em conta que esta se destaca por ser descritiva (procura a captação do pormenor), enfatizar mais o processo do que simplesmente os resultados, valorizar o significado que os sujeitos atribuem à sua vida e por a fonte directa dos dados ser o ambiente natural. Destacou-se, igualmente, a importância da relação estabelecida entre investigador e participante, sendo uma relação que deve primar por sentimentos de segurança e confiança. Um aspecto muito importante neste tipo de investigação é a obtenção da autorização por parte da instituição que vamos estudar. Sem dúvida que é uma questão complexa, tal como Bogdan (1994) refere: “A obtenção da autorização (…) envolve mais do que uma bênção oficial. Passa por desbravar o caminho para uma relação sólida a estabelecer com aqueles com quem irá passar tempo” (p. 117). Contudo, devemos ser persistentes, flexíveis e criativos. No caso do meu grupo, o contacto que fizemos com a Associação Raízes não foi propriamente um processo difícil, mas foi necessário ligar e deslocar-me à Associação para certificar-me que tinham recebido os nossos e-mails. De facto, fomos persistentes e, principalmente, acreditámos na nossa escolha.

     Relativamente à entrevista exploratória, fica a ideia que esta é uma “conversa intencional, geralmente entre duas pessoas (…) com o objectivo de obter informações sobre a outra” (Bogdan, 1994, p. 134). A entrevista é vista como um instrumento de observação que permite captar a verdadeira essência do indivíduo, as suas ideologias e perspectivas. Para uma análise mais rica e fidedigna dos dados, fica a dica que devemos aliar à entrevista outros métodos de recolha de dados, como a observação e a análise documental. Neste sentido, “a entrevista é mais uma arte do que uma técnica” (Ruquoy, 1997, p. 95), sendo conectada, muitas vezes, a uma conduta estratégica. Ressalvo que nunca é demais revermos estas questões, pois conduzir uma entrevista implica que, subtilmente, o entrevistado dê as respostas que queremos ouvir, somos nós, enquanto investigadores, que devemos assumir o controlo.

 

- BOGDAN, Robert (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Uma Introdução à Teoria e aos Métodos. Porto: Porto Editora.

- RUQUOY, Danielle (1997). Situação de entrevista e estratégia do entrevistador. In: L. Albarello et al. Práticas e métodos de investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, pp. 84-116.

5ª Aula: 18 de Outubro de 2012

    Nesta sessão explorou-se a Análise SWOT, um conceito que nunca antes tinha trabalhado, nem sequer ouvido falar. Fiquei a perceber que é uma ferramenta de gestão muito utilizada pelas empresas para o diagnóstico estratégico, que se subdivide em duas análises: interna e externa.

A análise interna corresponde aos aspectos que distinguem a instituição da concorrência:

  • S – vantagens da instituição;
  • W – desvantagens da instituição.

Já a análise externa corresponde aos factores resultantes do meio envolvente:

  • O – aspectos positivos do exterior que têm impacto na instituição;
  • T – aspectos negativos do exterior que têm impacto na instituição.

    A análise SWOT pode ser trabalhada, por exemplo, nas diagonais, ou seja, como é que um determinado ponto forte da instituição pode estar condicionado por uma ameaça ou como é que um ponto fraco por ser sustentado por uma oportunidade (o que significa que os pontes fortes podem tornar-se fracos, e vice-versa). Percebi que após trabalharmos os resultados desta análise será muito mais fácil compreendermos as necessidades da instituição, aquilo que condiciona, de algum modo, o seu funcionamento. A nossa intervenção passa, precisamente, por delinear estratégias que combatam essas necessidades, transformando-as, se possível, em potencialidades.

    Esta aula mostrou-se muito importante, uma vez que será este o método utilizado para caracterizarmos a informação que recolhermos da instituição. Sem dúvida que nos permitirá uma outra visão sobre a instituição, muito provavelmente vamos detectar vantagens ou desvantagens que não nos aperceberíamos sem a aplicação deste método. Como disse nunca antes trabalhei com a análise SWOT e penso que haverá a tendência de se confundir o que é realmente um ponto forte e uma oportunidade ou um ponto fraco e uma ameaça da instituição. Contudo, encaro a análise SWOT como um desafio para a prossecução do projecto.

6ª Aula: 25 de Outubro de 2012

    A docente começou por esclarecer algumas dúvidas quanto ao guião de entrevista e por dar orientações para a construção do relatório e portefólio. Quanto ao relatório, reforçou a ideia do enquadramento temático, o que significa que após recolhermos informação sobre a instituição temos de perceber em que temática esta se enquadra. Será que o trabalho da instituição se desenvolve numa educação formal ou não-formal? A instituição está mais ligada à animação sociocultural ou à intervenção local? São questões que devemos procurar responder, até porque se ambiciona um trabalho teórico bem fundamentado. A meu ver será basilar mobilizarmos conhecimentos de outras disciplinas para o desenvolvimento deste trabalho – interdisciplinaridade em acção. Relativamente ao portefólio, tal como os diários de aula, devemos elaborar diários de campo, onde é obrigatório constar a pesquisa das instituições que fizemos, os contactos, as deslocações à instituição, etc. É fundamental colocarmos a data (de modo a quem esteja a ler se consiga situar no tempo), descrevermos os objectivos da ida à instituição, aquilo que realmente fizemos e, sobretudo, reflectirmos sobre o que aprendemos.

    Nesta aula foi abordada a questão da Construção de Projectos Sociais, ficando patente que para elaborarmos um projecto é necessário especificar os seus objectivos, metas, calendário de execução e recursos. Um projecto inclui, assim, factores humanos, técnicos e financeiros. No momento da sua construção devemos tentar que este responda a um conjunto de questões:

  1. O quê? (natureza do projecto)
  2. Porquê? (origem e fundamentos)
  3. Para quê? (objectivos)
  4. Quando? (metas)
  5. Onde? (localização)
  6. Como? (actividades e tarefas a realizar)
  7. Quanto tempo? (descrição temporal)
  8. Quem? (recursos humanos)
  9. Com quê? (recursos materiais)
  10. Quanto? (recursos financeiros)

    Destacam-se quatro fases num projecto de cariz social: diagnóstico, planificação, aplicação/execução e avaliação. Cingindo-nos apenas no diagnóstico, este diz respeito à formulação do problema (análise de necessidades), sendo o seu principal objectivo o conhecimento da realidade. Segundo Serrano (2008), “É preciso que o projecto de baseie numa necessidade real para a qual se pretende encontrar uma solução e, também, que esta possa ser resolvida com a colaboração de todos” (p. 31). Mais uma vez é de salientar a exequibilidade de um projecto, pois se à partida aquele problema não tem solução então nunca poderemos falar de um verdadeiro projecto de intervenção!

 

- SERRANO, Gloria Pérez (2008). Elementos para elaborar um projecto. In: Gloria Pérez Serrano. Elaboração de Projectos Sociais. Casos Práticos. Colecção Educação e Trabalho Social, n.º 7. Porto: Porto Editora, pp. 21-36.

7ª Aula: 08 de Novembro de 2012

    Nesta sessão, a professora agendou com a turma as duas aulas de apoio ao trabalho, sendo que a primeira será já no dia 15 Novembro e a segunda no dia 22 Novembro. O meu grupo optou pelo dia 22 Novembro (10h), para podermos desenvolver mais trabalho até lá e apresentarmos dúvidas caso as tenhamos. Fez-se mais uma vez um balanço sobre os portefólios individuais. Pessoalmente acho que é sempre positivo sentirmos este tipo de apoio por partes dos professores, pois funciona como uma “dose de motivação” no desenvolvimento das tarefas.

    A docente procedeu, também, ao enquadramento sobre a situação de cada  grupo. Desta forma, foi possível entender se aquilo que temos andando a fazer está ou não no bom caminho e até se o trabalho desenvolvido se encontra dentro dos prazos presumíveis. Esta questão remete-nos, justamente, para a temática abordada: Planificação (segunda fase de um projecto). Quando planificamos o nosso projecto, um dos instrumentos a ter em conta é a calendarização, na qual devemos apresentar a sucessão das etapas da nossa investigação. Geralmente o que acontece é que aquilo que planificamos para uma determinada data não acontece na realidade e, por vezes, há momentos sobrepostos.  Por outras palavras, é difícil cumprir a calendarização a que nos propomos, mas é conveniente fazer um esforço para tentar cumpri-la, se bem que, por vezes, há imprevistos, daí não devermos estar à espera que tudo corra como idealizámos. Se fizermos as coisas com tempo suficiente é provável que o resultado seja mais proveitoso, mas tal como a docente uma vez proferiu “às vezes posso ser eficaz mas não ser eficiente”.

    Podemos dizer que a planificação tem como missão “(…) determinar o que se deve fazer, para posteriormente se poderem tomar decisões práticas para a sua implementação. (…) é um processo para determinar para onde ir e estabelecer os requisitos para chegar a esse ponto da forma mais eficaz e eficiente possível” (Kaufman, 1980: 17, cit. em Serrano, 2008, p. 37). Um plano deve conter as seguintes características: flexibilidade, abertura, participação, autogestão, interdisciplinaridade e descentralização. A segunda característica foi aquela que me causou um maior impacto, pois, de facto, devemos estar abertos a qualquer reajustamento que a nossa planificação possa sofrer, aliás penso que um reajustamento não tenha necessariamente de ser conectado a algo negativo. É verdade que as decisões devem ser mantidas, mas, por vezes, percebemos que o caminho que projectámos não é o melhor e por isso há que adoptar outra estratégia. A planificação deve, então, primar pela flexibilidade.

    Se planear é “traçar os planos para a execução de uma obra” (Serrano, 2008, p. 38), então é o mesmo que dizer que sem planificação não há projecto. Se eu não planificar também não vou conseguir antever um erro, logo não vou conseguir desenvolver estratégias que combatam esse erro. É importante que tenhamos o cuidado de planificar tudo aquilo que vamos avaliar e em que momentos. Confesso que fiquei um pouco preocupada com esta questão da planificação, pois percebi, a partir do exercício de planeamento feito em aula, que planificar a acção não é assim tão simples. Há que ter em conta a área de intervenção, os objectivos, as actividades realizadas, o cronograma e ainda as parcerias. Todavia, creio que se tivermos bem definido aquilo que queremos fazer já é uma ajuda no momento da planificação, por isso é que anteriormente a esta planificação procede-se ao levantamento de problemáticas (fase do diagnóstico).

 

- SERRANO, Gloria Pérez (2008). Elementos para elaborar um projecto. In: Gloria Pérez Serrano. Elaboração de Projectos Sociais. Casos Práticos. Colecção Educação e Trabalho Social, n.º 7. Porto: Porto Editora, pp. 37-75.

8ª Aula: 22 de Novembro de 2012

    O objectivo desta sessão foi de apoio aos vários grupos relativamente ao projecto de intervenção. Basicamente consistiu numa aula de tutoria, onde o papel da professora passou, justamente, por prestar apoio a cada grupo, procurando esclarecer dúvidas e orientar o trabalho de cada um. É de referir que cada grupo usufruía de 1h individual com a professora, para um apoio mais pormenorizado.

    Uma vez que a resposta do Programa Escolhas ao projecto que gostaríamos de trabalhar – Entrelaços – só sairá no dia 30 de Novembro, não conseguimos avançar com o enquadramento temático. Assim, apresentámos apenas algum enquadramento teórico e metodológico, bem como a transcrição da entrevista realizada à Coordenadora do Departamento de Formação e Gestão. O Entrelaços é um projecto de intervenção social e, como tal, é conveniente que façamos alguma pesquisa sobre animação socioeducativa, educação não-formal e educação e sociedade. Percebi que a intenção da docente foi mostrar-nos que devemos mobilizar os conhecimentos que temos de outras disciplinas (por exemplo, ao nível da educação de adultos, sociologia e psicologia da educação) para fundamentarmos o nosso trabalho. Se pensarmos bem é quase como se puséssemos em prática tudo aquilo que temos vindo a aprender desde o início da Licenciatura, ou seja, dar utilidade ao conhecimento e às nossas experiências.

    Relativamente ao enquadramento metodológico é importante que na construção da grelha de análise de conteúdo da entrevista, os nomes que presentearmos as categorias e sub-categorias sejam distintos. Sem dúvida alguma que o facto de determos alguma experiência neste campo – realização de entrevistas, transcrição destas, construção de grelhas de análise de conteúdo, observações e construção de respectivas grelhas – permite-nos aperfeiçoar técnicas de investigação e aprofundar, eventualmente, outras.

    Pessoalmente considero que esta aula foi das mais importantes do semestre, pois concedeu-me uma visão mais clara do trabalho que nos espera. Para ser sincera fiquei ainda mais entusiasmada com o nosso projecto, uma vez que poderá ser um trabalho que profissionalmente desempenharei, isto é, trabalhar no terreno com uma comunidade e delinear planos de intervenção, com vista a colmatar necessidades. Por outro lado, sinto-me um pouco ansiosa por a decisão do Programa Escolhas ser só no dia 30 de Novembro, o que significa que, caso seja positiva (em princípio sim!), só no início do mês de Dezembro é que poderemos conhecer o espaço, a equipa técnica e o trabalho desenvolvido no Entrelaços. Quer isto dizer que só aí podemos realmente trabalhar o nosso plano de acção. Por agora devemos centrar-nos na caracterização da Raízes, na finalização da grelha de análise de conteúdo e na análise SWOT.

9ª Aula: 29 de Novembro de 2012

    Nesta aula, mais uma vez a professora fez o ponto de situação dos trabalhos e alertou-nos para quando construirmos o nosso plano de acção termos o cuidado de os objectivos começarem sempre por verbos operacionais. Agendou-se com os vários grupos o dia da apresentação sobre os nossos projectos, sendo que o meu grupo apresentará no dia 20 de Dezembro. Nesta apresentação pretende-se que cada grupo dê a conhecer um pouco da sua instituição e o projecto no qual se vai integrar. É importante abordar-se o enquadramento temático, bem como o enquadramento metodológico, nomeadamente as técnicas de investigação usadas.

    As temáticas exploradas nesta sessão foram: Questionários e Técnica de Observação. São duas temáticas que já detemos alguns conhecimentos e alguma experiência, uma vez que ao longo da Licenciatura já foi necessário utilizá-las. Contudo, penso que nunca é demais relembrar alguns princípios e regras subjacentes.

    Relativamente aos questionários, devemos tentar compreender a principal diferença entre questões abertas e fechadas. Assim, enquanto as primeiras revelam maior diversidade de respostas, as segundas revelam menor. Se nas primeiras os sujeitos respondem sem qualquer restrição, nas segundas embora as respostas possam ser mais limitadas, a verdade é que a sua análise é um processo muito mais fácil, pois nas questões abertas a fiabilidade das respostas tendem a ser menores. Apesar de ambos os tipos de questão serem distintos e denunciarem respostas diferentes, ambos apresentam potencialidades e problemáticas, daí que não se possa afirmar com clareza qual o formato que concede uma resposta mais válida. Este facto leva-nos a pensar que devemos ter sempre presente o contexto, que este nunca pode ser desassociado, ou seja, quando aplicamos um questionário devemos conhecer bem o contexto ou aquele grupo-alvo, de modo a que os inquiridos nos deem a resposta que queremos. Tal como Foody (1996) afirma: “a forma como as perguntas funcionam não podem entender-se fora do contexto em que são utilizadas. A adopção desta postura decorre de se entender a comunicação humana como um fenómeno de caracter reflexivo. (…) As respostas dos inquiridos reflectem o que eles assumem que o investigador quer saber e o que se pretende fazer com a informação que vão fornecer” (p. 209).

    Quanto à observação, daqui para a frente é conveniente que pensemos a observação como uma técnica de intervenção no projecto. Do ponto de vista do investigador, este pode assumir um papel participante ou não participante, ou seja, numa observação participante a finalidade é estudar uma comunidade durante um longo período de tempo, de modo a compreendermos o comportamento dos sujeitos, ao passo que numa não participante a finalidade é a mesma, mas sem que o investigador participe na vida colectiva dos sujeitos (mero espectador). De facto, percebi que quando realizarmos uma observação só o podemos fazer se tivermos os objectivos bem definidos, o que significa que temos de “arrumar bem as ideias” quanto aquilo que queremos observar, caso contrário corremos o risco do resultado da observação sair enviesado!  

 

- FODDY, William (1996). Como perguntar: teoria e prática da construção de perguntas em entrevistas e questionários. Oeiras: Celta, pp. 141-209.

10ª Aula: 06 de Dezembro de 2012

    Nesta sessão, a professora começou por falar sobre um aspecto importante: apresentação do projecto. Ora, percebi que nesta apresentação pretende-se que cada grupo siga, minimamente, a estrutura do relatório. Deve, portanto, apresentar a análise SWOT e mesmo que não consiga apresentar já o seu plano de acção, pelo menos mostrar qual o caminho que pretende traçar. Quanto à análise SWOT é preciso não esquecer que esta engloba não só as entrevistas realizadas, como também as observações e a análise documental da instituição.

    A temática abordada hoje foi: Avaliação. De forma genérica, a avaliação é um processo de reflexão e de comparação entre a situação prevista e a real. Na verdade, avaliamos para melhorar algo, o que por sua vez pressupõe uma mudança. A questão aqui é que (algo que nunca tinha reflectido) a avaliação não surge apenas no final de um projecto, ela está presente em todo o processo, o que faz todo o sentido, pois quando definimos objectivos, estratégias e actividades é conveniente que avaliemos a sua eficácia. Assim, muitas vezes o que pensamos no papel não resulta na prática, sendo necessário reformular as estratégias a utilizar. Para mim intervir é isso mesmo, é ter um papel activo, é reflectir sobre a acção, sobre os resultados, reformular se necessário actividades.

    Fazendo a ponte com o que foi dito em aula, no momento da avaliação do nosso projecto devemos ter presente as seguintes questões:

  1. O que avaliar?
  2. Para quê avaliar?
  3. Quem avalia?
  4. Como avaliamos?
  5. Quando avaliamos?

    Estas questões são uma forma de fazermos frente às necessidades detectadas, a partir do cumprimento dos objectivos estabelecidos.

    Importa também fazer a distinção entre avaliação quantitativa e qualitativa. Enquanto a primeira se foca no produto e nos resultados, a segunda liga-se a um processo de pensamento, análise e interpretação, compreensão e solução de problemas. Contudo, julgo que devemos ver isto desta forma: as duas complementam-se e são necessárias num projecto de intervenção, na medida em que para se chegar aos resultados da intervenção é preciso passar-se por um processo de análise, interpretação e solução dos problemas.

    Deixo-vos com uma citação de Serrano (2008), uma citação que define bem o que é a avaliação no campo do desenvolvimento comunitário:

 

- SERRANO, Gloria Pérez (2008). Aplicação/Execução, Avaliação. In: Gloria Pérez Serrano. Elaboração de Projectos Sociais. Casos Práticos. Colecção Educação e Trabalho Social, n.º 7. Porto: Porto Editora, pp. 77-101.

11ª Aula: 13 de Dezembro de 2012

    Antes de se iniciar propriamente a aula, a turma teve conhecimento que a entrega do portefólio foi adiada para o dia 02 de Janeiro de 2013. Este adiamento permitirá que cada aluno ganhe mais tempo para melhorar e terminar o seu portefólio. Uma vez que semanalmente fui sempre actualizando o portefólio, estes dias a mais servirão apenas, no meu caso, para "limar" algumas arestas, ou seja, aperfeiçoar alguns aspectos no portefólio.

    Esta aula foi dedicada à apresentação dos projectos por parte de quatro grupos. A professora entregou uma grelha de análise de apresentações dos projectos de intervenção, sendo que cada aluno teria de preencher a grelha de acordo com o que era apresentado, para posteriormente colocá-la no seu portefólio. Nesta grelha teríamos que tentar preencher as seguintes colunas: áreas de intervenção, justificação do projecto, identificação dos objectivos, estratégias adoptadas, propostas para a implementação e propostas de avaliação do projecto. Já era esperado que nem todos os grupos conseguissem apresentar todas as colunas da grelha, claro que o desejável era que o conseguissem, mas é compreensível haver grupos um pouco mais avançados que outros.

    Para além de ter sido uma mais-valia conhecermos o trabalho dos nossos colegas, no fundo esta aula serviu para que todos os grupos se entreajudassem, porque muitas vezes os próprios elementos do grupo não conseguem detectar falhas ou encontrar soluções para um determinado problema, sendo necessário recorrer à mediação de elementos exteriores ao grupo. A colaboração dos colegas acaba por funcionar como uma outra visão que não a nossa, o que pode ser determinante para o desenvolvimento de uma questão. Por exemplo, quando os grupos apresentaram a sua análise SWOT foi possível detectar pequenas incoerências e para além de termos ajudado o grupo em questão, também conseguimos compreender como se faz correctamente este tipo de análise.

    Trata-se, no fundo, de uma reflexão partilha. O ano passado na Unidade Curricular de Formação de Adultos trabalhou-se a questão de se aprender a partir da troca de experiências. Foi, precisamente, o que aconteceu nesta aula. A troca de ideias e o debate em grupo permitiu-nos alcançar um tipo de conhecimento que não teríamos conseguido, certamente, sem esta reflexão partilhada.

12ª Aula: 20 de Dezembro de 2012

    Esta última aula do 1.º semestre foi dedicada às restantes apresentações dos projectos de intervenção dos grupos (cinco grupos). Mais uma vez cada aluno tinha de preencher a grelha consoante o que era apresentado. Senti que, particularmente, nesta aula a turma se encontrava bastante unida e a prestar realmente atenção às apresentações, sugerindo até algumas ideias para o projecto de cada um. Quanto à apresentação do meu grupo denotou-se algumas dúvidas dos colegas face ao que iria ser realmente o nosso projecto, mas tendo em conta que só na semana anterior nos conseguimos integrar num dos projectos da Associação (Projecto de Formação) não foi fácil delinearmos minimamente aquilo que gostaríamos de fazer. No link abaixo encontra-se a grelha preenchida por mim acerca de todas as apresentações:

1ª Grelha de Análise das Apresentações dos Projectos.pdf (596 kB)

    Nesta aula foram ainda dadas pela professora algumas indicações sobre a primeira entrega do Relatório (11 de Janeiro de 2013) e sobre o Portefólio Digital.

    Eu e aminha colega decidimos que seria bom para nós termos uma tutoria com a professora neste mesmo dia. Durante a conversa realçaram-se algumas ideias para um possível projecto. Agradou-me o facto de podermos conceber um plano de acção e avaliarmos o impacto dessa formação, pois é algo que se relaciona directamente com o nosso curso e que profissionalmente podemos vir a desempenhar. Por um lado é esta parte que sinto falta no curso, o contacto com a experiência, com a prática. Esta disciplina permite-nos, precisamente, esse contacto. Permite-nos compreender aquilo que mais e menos gostamos, enfrentar a realidade, superar dificuldades e crescer enquanto pessoas e futuros técnicos de educação.

    Seminário de Integração Profissional dá-nos a oportunidade de relacionar todos os conhecimentos e aprendizagens, de “pegar” na teoria e pô-la em prática. De sermos proactivos, mais responsáveis, capazes e autónomos.

 

2.º Semestre

13ª Aula: 21 de Fevereiro de 2013

    A primeira aula do 2.º semestre – Seminário de Integração Profissional V – foi uma aula um pouco diferente do habitual, mas positiva! Basicamente foi uma sessão de esclarecimento sobre a PORDATA – Base de Dados de Portugal Contemporâneo.

    A turma teve ao seu dispor uma formadora que se encarregou de falar um pouco da história desta base de dados, como surgiu, quem teve a ideia para a sua criação, qual a sua missão e quais os serviços que disponibiliza. Sucintamente, a PORDATA foi criada no ano de 2009 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), com o intuito de aglomerar o máximo de informação possível sobre Portugal e os seus municípios nos mais diversos temas: População, Saúde, Educação, Emprego, Desporto e Cultura, Contas do Estado, Justiça, Ciência e Tecnologia, etc. No entanto, mais tarde sentiram a necessidade de se expandirem e disponibilizarem, igualmente, informação sobre a Europa. É importante referir que cada tema é composto por vários subtemas.

    Não pretendo fazer deste diário de aula uma descrição pormenorizada e exaustiva do que ouvi e aprendi. Pretendo antes reforçar a ideia de que esta base de dados é gratuita e pode ser consultada por qualquer indivíduo. Para quem frequenta o ensino superior e, por vezes, necessita de fazer alguns trabalhos de investigação, a PORDATA é uma mais-valia, pois quando bem explorada podemos encontrar informação útil sobre aquilo que necessitamos. Contudo, esta última apenas disponibiliza os dados, ou seja, a parte de interpretar a informação e fazer uma análise cuidada compete a cada um de nós.

     Por vezes, julgamos que só os “de fora” é que são bons, empreendedores, inovadores e criativos. Mas não, é bom saber que ainda há pessoas que olham para o nosso país com esperança e com vontade de fazer mais e melhor. Talvez seja esta a maior aprendizagem que concluí desta aula: nós jovens temos, actualmente, oportunidades que muito provavelmente os nossos avós e pais não tiveram, somos um país evoluído científica e tecnologicamente, mas será que socialmente também o somos?

 

- https://www.pordata.pt/

- https://www.ffms.pt/

14ª Aula: 28 de Fevereiro de 2013

    A sessão de hoje foi dedicada à apresentação dos projectos (três grupos), mais especificamente ao nível das fases do planeamento e da avaliação.

Anteriormente às apresentações, a docente esclareceu com os grupos algumas datas importantes do semestre, nomeadamente o dia da entrega do Portefólio (6 de Junho), da primeira e segunda versão do Relatório (21 de Junho e 8 de Julho) e o dia das duas tutorias (21 de Março e 23 de Maio). Neste semestre, cada grupo irá também apresentar algumas “temáticas”, sendo que o meu grupo optou por pesquisar sobre programas de mobilidade e bolsas de financiamento de projectos em educação. A meu ver estas sessões serão muito importantes para o nosso futuro, algumas delas até decisivas, pois haverá, por exemplo, uma aula em que um grupo irá falar sobre as opções existentes para o 2.º ciclo. Para quem ambiciona, após a Licenciatura, seguir para Mestrado será positivo ter consciente a oferta educativa que existe, naturalmente mais relacionada com as Ciências de Educação.

    Relativamente às apresentações dos projectos, de facto estas apresentações permitem-nos conhecer um pouco melhor o trabalho que os colegas se encontram a realizar e partilhar ideias. O feedback é sempre importante. Tal como já tinha sucedido no semestre passado, cada aluno teve de preencher uma grelha de análise das apresentações dos projectos, sendo que agora importava apenas duas colunas: propostas para a implementação e propostas de avaliação do projecto.

    Mais do que o planeamento, senti que a avaliação não é um processo fácil e que não se encontra assim tão claro para nós. Para além de sermos avaliados pela professora e pelo responsável da instituição, nós próprios teremos de nos auto-avaliar, assim como avaliar a prestação do grupo. O facto de cruzarmos a nossa avaliação com a do nosso colega, permitirá uma maior reflexão sobre o trabalho desenvolvido, pois será interessante detectar os pontos em comum e os divergentes (caso os haja).

    No fundo, seremos obrigados (mas por uma boa razão) a pensar naquilo que fizemos, naquilo que correu bem ou mal, porque é que fizemos daquela maneira e não de outra, se a nossa intervenção teve impacto para a instituição, se a nossa acção foi útil… Mais uma vez compreende-se que a REFLEXÃO é uma vertente que devemos trabalhar, e não só agora mas sempre, pois só a partir dela é que conseguimos modificar, melhorar, evoluir, fazer diferente!

15ª Aula: 07 de Março de 2013

    A aula de hoje teve como objectivo a continuação e conclusão das apresentações dos projectos (cinco grupos). Antes de se iniciarem as apresentações, a docente fez questão de mencionar alguns textos que devemos ler sobre o processo avaliativo, relembrando que para a próxima aula os grupos devem levar todos os materiais de avaliação que produziram até à data.

    Com estas apresentações, como referi anteriormente, foi possível conhecer de forma mais profunda o trabalho dos colegas mas também detectar alguns pontos em comum. Por outras palavras, embora cada grupo tenha os seus próprios obstáculos, pois cada caso é um caso, foi reconfortante perceber que existem pessoas do outro lado que entendem o que estamos a sentir. E, estas aulas permitem-nos justamente isso: partilhar experiências e reflectir sobre elas, pensar um pouco sobre elas. Tal como já tinha acontecido no semestre passado, faz sentido partilhar com vocês a grelha de apresentações preenchida por mim:

2ª Grelha de Análise das Apresentações dos Projectos.pdf (604,8 kB)

    Um aspecto curioso a destacar na sessão de hoje foi a conversa que se gerou entre turma-professora sobre o nosso percurso profissional. De facto, já não falta muito para terminarmos a licenciatura e a troca de experiências de vida é (ou pode ser) uma mais-valia. Considero importante que cada um trace objectivos/metas a atingir, mas mais importante que traçar objectivos é entender que podemos sempre fazer mais, que os nossos conhecimentos não têm prazo de validade. Aprender é um processo contínuo, mas é um processo que só faz sentido quando parte de nós, quando, no fundo, aprendemos porque queremos e não porque nos obrigam. E será realmente possível aprender de forma obrigada?

16ª Aula: 14 de Março de 2013

    Hoje, foi talvez uma das sessões mais interessantes e produtivas, pelo menos a meu ver. A aula baseou-se em torno da componente da AVALIAÇÃO. Quais os princípios básicos de uma avaliação? Como se avalia? É importante avaliar? Com que intuito se avalia? Questões que naturalmente vão emergindo, sendo importante clarificá-las.

    Uma avaliação deve, portanto, ser objectiva, válida, confiável, oportuna e prática. Grelhas de avaliação, de observação, questionários ou até mesmo guiões de entrevista são todos eles considerados instrumentos de avaliação. Independentemente do instrumento, qualquer um deve ter em conta determinadas características, como por exemplo: estrutura coerente; texto introdutório apelativo, no qual deve constar tema, anonimato e agradecimentos; extensão razoável; e uma linguagem clara e cuidada, que deve ser adaptada ao público-alvo em questão.

    A finalidade da aula de hoje consistiu em realizar um exercício prático. Basicamente, a turma foi organizada por grupos e cada grupo tinha como tarefa analisar os instrumentos de avaliação que todos os grupos tinham enviado à professora. Foi, sem dúvida, um exercício útil e curioso, isto porque nos permitiu não só avaliar o trabalho dos colegas, como também tirar notas e aprender com os erros dos outros. Mais uma vez, fica claro que a percepção do outro é sempre uma mais-valia, uma vez que possibilita um distanciamento que nós próprios não somos capazes de o fazer.

      Podemos ver a avaliação como uma forma de receber ou dar feedback. Tal como nos diz Fernandes (2011): “Para que os programas e projectos possam cumprir cabalmente os seus desígnios, é necessário encontrar métodos e procedimentos que permitam proporcionar feedback oportuno, rigoroso e profundo que retrate o mais fielmente possível o que funciona, como funciona e porque funciona” (p. 186). A avaliação não é feita apenas no final, a avaliação é um processo contínuo que nos dá a oportunidade de compreender até que ponto aquilo que está a ser feito vai ao encontro daquilo que foi planeado.

 

- FERNANDES, Domingos (2011). Avaliação de programas e projectos educacionais: Das questões teóricas às questões das práticas. In: Domingos Fernandes (Org.). Avaliação em educação: Olhares sobre uma prática social incontornável. Pinhais, PR: Editora Melo, pp. 185-208.

17ª Aula: 21 de Março de 2013

    Hoje foi dia de tutoria, a primeira tutoria do semestre. Tal como já tinha sucedido no semestre passado, cada grupo reuniu-se, individualmente, com a professora de modo a obter feedback quanto ao trabalho realizado, assim como orientações daquilo que ainda tem de ser feito. A meu ver, é uma aula extremamente importante para esclarecimento de dúvidas, uma vez que acaba por funcionar como uma espécie de “atendimento personalizado”.

    Neste momento, o grupo encontra-se na fase de aplicação dos questionários e, como tal, esperamos que a partir do dia 3 de Abril possamos começar a analisar os resultados dos questionários. A docente aconselhou-nos a enviar novamente um e-mail – dia 28 de Março – para os formandos e colaboradores da Associação a motivar o preenchimento do questionário, na esperança de obtermos o maior número de respostas possível.

    A avaliação foi outra das matérias discutidas na tutoria. Relativamente à grelha de auto-avaliação é importante que a partir de agora esta seja preenchida individualmente e não em grupo, pois só no final é que discutiremos em grupo as observações de cada elemento e construiremos gráficos sobre os resultados. De facto, faz todo o sentido, pois pretende-se uma avaliação sincera e não influenciada pela perspectiva de cada elemento do grupo. É, portanto, uma forma de combater o enviesamento dos resultados.

    Durante a tutoria foi também possível expor as nossas dúvidas, o que por vezes se torna difícil nas restantes aulas, tendo em conta que cada grupo tem as suas próprias dúvidas e inseguranças. Neste sentido, a partir das autoras Isabel Seabra e Isabel Monteiro (s/d), compreende-se que o objectivo de uma tutoria é melhorar as condições de aprendizagem e desenvolvimento de valores, atitudes e hábitos que contribuam para a integridade da sua formação pessoal, social e humana”. Uma tutoria é, então, ouvir, orientar, apoiar e educar.

 

- https://www.cfaematosinhos.eu/Tutoria...Tutorias_05.pdf

18ª Aula: 04 de Abril de 2013

    A sessão de hoje teve como finalidade reintegrar-nos no mercado de trabalho, ou seja, analisar Teses de Mestrado em Ciências da Educação (CE) de modo a percepcionarmos aquilo que um licenciado em CE está apto a fazer. Foram apresentadas duas teses: uma delas referente ao Mestrado em  Educação Intercultural  e outra ao Mestrado em Administração Educacional.

Uma vez que nos encontramos a terminar o 1.º ciclo de estudos e muitos de nós demonstram interesse em progredir nos estudos, frequentando o 2.º ciclo, esta aula mostrou-se uma mais-valia em vários sentidos:

  • Em primeiro lugar porque é importante compreender o modo como se estrutura uma tese, isto é, a forma como esta está organizada. Muitas vezes, deparamo-nos com algumas contradições e erros estruturais, porém devemos ver estas falhas como uma chamada de atenção, para quando estivermos do outro lado não cometermos os mesmos erros;
  • Em segundo porque desde que iniciámos a Licenciatura que nos é dito que nós licenciados em CE podemos desempenhar múltiplos papéis no mercado de trabalho, inclusivamente que as Ciências de Educação são um campo muito vasto. Se por um lado esta ideia traz consigo vantagens, na medida em que somos versáteis, por outro fica a sensação que não somos verdadeiramente especialistas em alguma coisa. Logo, as apresentações destas teses mostraram que os licenciados em CE têm lugar no campo profissional e que, de facto, assumimos um papel imprescindível em vários domínios, como por exemplo na avaliação de escolas ou gestão da formação.

    O trabalho de hoje serve como um bom exemplo para os nossos próprios projectos. Por outras palavras, devemos ter em conta que quando delineamos os objectivos do trabalho, as escolhas metodológicas terão de acompanhar esses objectivos. No final é esperado que os resultados sejam coerentes com aquilo a que nos propusemos e, por isso, os objectivos (em alguns casos questões/problemas) não deverão ser demasiado ambiciosos.

    Julgo que é nossa obrigação perceber se as metodologias usadas dão-nos ou não a informação que precisamos para desenvolver o estudo, pois se não o fizerem teremos de pensar noutra estratégia. Além disso, mais importante que obter informação é reflectir sobre os resultados e formular propostas de continuação do projecto.

 

- https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/6050/1/ulfpie039929_tm.pdf

- https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4323/2/ulfp035543_tm_tese.pdf

19ª Aula: 11 de Abril de 2013

    Hoje foram realizadas as três últimas apresentações sobre a análise de Teses de Mestrado. De modo a que os alunos pudessem obter um conhecimento mais diversificado quanto às áreas de Mestrado, na aula de hoje predominaram as seguintes áreas: Tecnologias, Formação de Professores e Educação e Formação de Jovens e Adultos Pouco Escolarizados.

    De facto, nem todas as teses têm nota máxima e quando “perdemos tempo” a analisar uma tese deparamo-nos com algumas incoerências. Contudo, não pode deixar de ser referido que algumas delas também se encontram devidamente organizadas, transmitindo ideias claras e conclusivas do estudo.

    Após estas apresentações foi claro que: definir a problemática do estudo, objectivos gerais e específicos, assim como apresentar os principais resultados e reflectir sobre esses resultados é algo complexo e nem toda a gente consegue fazer esse exercício de forma explícita.

    Quer se trate de uma Tese de Mestrado ou de um projecto como o nosso, não nos podemos esquecer que quando alguém estiver a ler o trabalho tem de compreender na íntegra aquilo que queremos transmitir. Por outras palavras, a forma como organizamos o trabalho, expomos a problemática e reflectimos sobre as conclusões do estudo tem de ser claro para o leitor, tal como foi para nós. Falo de um conhecimento em espiral, onde os saberes se interligam. O desejável é a confrontação dos dados ir ao encontro do objecto de estudo e que o próprio trabalho apresente uma linha lógica e de continuidade.

    Relativamente às metodologias de investigação, hoje fiquei a conhecer outra metodologia: instrumento de autodiagnóstico. Pelo que entendi, tem como objectivo recolher informação acerca de uma amostra e pode ser uma alternativa à entrevista, quando se trata de uma amostra demasiado extensa.

    O balanço final que faço destas duas últimas aulas é bastante positivo, pois a partir das mesmas foi possível não só conhecer parte da oferta que o nosso instituto disponibiliza para o 2.º ciclo de estudos, como também não desvalorizar potenciais áreas. É importante, pelo menos para quem tem intenção de progredir nos estudos, pesquisar áreas de interesse e não deixar esta questão para a última, tendo em conta que se trata de um passo novo e marcante na nossa vida.

 

- https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/8111/1/ulfpie043051_tm.pdf

- https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7679/1/ulfpie042977_tm.pdf

- https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5770/1/ulfpie039819_tm.pdf

20ª Aula: 18 de Abril de 2013

    Nova aula. Novo dia. Novo tema de trabalho. A sessão de hoje desenvolveu-se em torno da temática: Programas de Mobilidade e Bolsas de Financiamento. Anteriormente à apresentação (pelo meu grupo), a professora convidou uma aluna de Doutoramento da Universidade do Minho para falar sobre o seu percurso académico.

    Um dos pontos positivos desta conversa foi o facto desta aluna ser licenciada em Ciências da Educação e ser bolseira da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia). Após ter terminado a Licenciatura na Universidade do Minho, estagiou numa empresa em Espanha, mais tarde tirou o Mestrado na mesma universidade e actualmente encontra-se a frequentar o 2.º ano do Doutoramento na área da Avaliação, sendo que nos próximos meses irá concluir a sua investigação em Holanda. É, sem dúvida, um percurso extremamente interessante e rico em experiências. Desde que iniciou a Licenciatura decidiu, à partida, que algo que gostaria era prosseguir nos estudos, e por que não conhecer uma outra realidade fora de Portugal?

    Estando nós quase a terminar a Licenciatura é tempo de reflectir sobre aquilo que queremos para o nosso futuro. Gostaria de estagiar e ter o primeiro contacto com o mercado de trabalho no estrangeiro? Tirar o Mestrado dentro ou fora do país? São questões que nos devemos colocar, pois ainda vamos a tempo de optar por um ou outro caminho. O mais importante é procurar estar devidamente informado, pois existem diversos programas de mobilidade e nível internacional e nacional e bolsas de financiamento que podem ir ao encontro daquilo que procuramos. Neste sentido, se quiseres ter acesso às principais informações sobre alguns destes programas clica aqui.

    Dr.ª Maria Assunção Flores? Quando a professora mencionou este nome confesso que nunca tinha ouvido falar mas despertou a minha curiosidade, tendo em conta que trabalha a par das Ciências da Educação (professora da Universidade do Minho), mais especificamente ligada à área da Avaliação e Desenvolvimento Curricular.

(Dr.ª Maria Assunção Flores)

    Visto nos dias de hoje encarar-se a formação como a solução para os problemas e o meu próprio projecto de intervenção seguir esta linha, saliento uma das investigações na qual Maria Assunção Flores participou: Formação Docente em Contexto Universitário. Sucintamente, este estudo vem reforçar a ideia de que os docentes desempenham um papel significativo na auto-regulação académica dos alunos, daí que haja necessidade de irem para além da sua área do saber, procurando na formação a via para actualizarem e modificarem as suas práticas.

    Hoje em dia fala-se muito em saber gerir a motivação, e será que os docentes exercem influência nesse campo? A partir deste estudo, fica claro que esta é uma questão essencial: “é importante combater alguma desmotivação e desinteresse dos alunos em aprender o que o curso que escolheram reservou para lhes ensinar – o desenvolvimento de uma docência que consiga gerir a motivação e o interesse dos alunos cativando o seu interesse em aprender está ao alcance de todos” (Felder, 1993, cit. em Morgado, Carvalho, Costa & Flores, s/d, p. 2046).

 

- https://www.fct.pt/

- https://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp?key=6901180668390209

- MORGADO, J.C.; CARVALHO, A.M.; COSTA, M.J. & FLORES, M.A. (s/d). Formação Docente em Contexto Universitário: Um Estudo em Curso na Universidade do Minho. Minho: Universidade do Minho, pp. 2045-2056. (Disponível em: https://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/documentos/congreso/VIIIcongreso/pdfs/247.pdf).

21ª Aula: 02 de Maio de 2013

    A sessão de hoje foi sobre “Percursos pelo 2.º Ciclo”. Mais uma vez foi um momento de partilha e discussão de ideias entre a turma e a docente. É de salientar que o propósito destas aulas também passa por nos “abrir horizontes”, ou seja, uma vez que nos encontramos, praticamente, a um mês de terminar a Licenciatura é tempo de reflectir sobre aquilo que queremos para o nosso futuro. O que fazer a seguir? Vou para Mestrado ou Pós-graduação? Procuro trabalho? Quero ter uma experiência de estudos no estrangeiro? São questões sobre as quais me tenho questionado e estas aulas têm facilitado a minha decisão.

    Assim sendo, foram apresentadas algumas ofertas de Mestrado em várias universidades, públicas e privadas. Abordando apenas o sistema de ensino público, o Instituto de Educação (Universidade de Lisboa), para o ano lectivo 2013-2014 abriu a concurso: Administração Educacional; Avaliação em Educação; Formação de Adultos; Educação Intercultural; História da Educação; e Tic e Educação.

    Entre outras universidades saliento o ISCTE – Administração Escolar; Educação e Sociedade; e Psicologia das Relações Interculturais; a FCSH (Universidade Nova de Lisboa) – Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos; Gestão de Sistemas de E-learning; e Sociologia; e a FPCE (Universidade de Coimbra) – Educação e Sociedade do Conhecimento; Supervisão Pedagógica; e Formação de Adultos e Intervenção Comunitária.

     De facto, cabe a cada um de nós decidir o que quer para o seu futuro. É tempo de apostar, de arriscar, de inovar, de acreditar. Mas ainda temos uma vida pela frente e apesar de considerar a aposta na prossecução dos estudos uma mais-valia, não significa que as outras experiências não sejam também elas significativas.

    Definir objectivos e metas é uma questão muito pessoal e ninguém pode decidir por nós, podemos sim é ser orientados. No entanto, não devemos ficar à espera que esta orientação nos vá “parar às mãos”, é importante procurar e manter-nos não só activos como predispostos a aceitar desafios.

    Neste sentido, e uma vez que a aula de hoje começou com a análise de uma notícia sobre a empregabilidade dos diplomados na tentativa de se perceber se compensa ou não investir no Mestrado, decidi fazer uma pesquisa sobre os Gabinetes de Inserção Profissional da Universidade Nova de Lisboa. Assim, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) disponibiliza um Gabinete de Inserção Profissional e de Antigos Alunos com o intuito de promover a empregabilidade dos seus alunos e antigos alunos. Concede apoio no processo de procura de emprego e estágio e actua ao nível da/do:

  • Promoção de acções de formação que potenciem a inserção dos alunos e diplomados no mercado de trabalho;
  • Angariação e divulgação de ofertas profissionais;
  • Estabelecimento de parcerias para estágio e emprego com empresas (multinacionais, grupos de comunicação social, empresas de consultoria, entre outras), entidades públicas (câmaras municipais, escolas secundárias, órgãos de soberania, entre outras) e organizações sem fins lucrativos (IPSS, associações, agências internacionais, entre outras).

    Embora seja aluna da Universidade de Lisboa e não da Universidade Nova de Lisboa, pretendo com esta pesquisa demonstrar que há sempre apoios disponíveis aos estudantes, basta apenas saber procurar e investir na construção do nosso percurso

 

- https://www.ie.ul.pt/pls/portal/docs/1/427621.PDF

- https://iscte-iul.pt/cursos/mestrados.aspx

- https://www.fcsh.unl.pt/ensino/mestrados

- https://www.uc.pt/fpce/ensino

- https://www.unl.pt/pt/universidade/Gabinetes_de_Insercao_Profissional/pid=293/ppid=78/

- https://www.fcsh.unl.pt/faculdade/emprego-estagios-e-empreendedorismo

22ª Aula: 09 de Maio de 2013

    Esta semana, o tema de trabalho foi sobre “Projectos Inovadores”, uma aula bastante produtiva e de grande reflexão. Somos nós a geração do futuro? Se somos ou não eu não sei, mas sei que cada um de nós tem o poder de fazer algo, de mudar algo, de concretizar algo.

Já alguma vez ouviram falar do TED? Ora, o TED (Ideas Worth Spreading) é uma organização sem fins lucrativos que teve início no ano de 1984 e tem como principais objectivos espalhar boas ideias e partilhar experiências. Assim, quando tivermos interesse em pesquisar sobre projectos inovadores o TED é uma boa aposta.

    Na aula de hoje assistimos a dois vídeos:

  • No primeiro, o orador é um professor indiano chamado Sugata Mitra que vem falar de auto-aprendizagem. Sucintamente, a partir de uma experiência conclui que o poder do grupo para se auto-ensinarem acontece mesmo sem a intervenção dos adultos. Assim, a educação primária não tem de acontecer de cima para baixo e nem tem de ser imposta. As crianças podem auto-organizar-se segundo um objectivo. Para tal, as tecnologias educativas são uma peça-chave de desenvolvimento e de aprendizagem.
  • No segundo, o orador é o professor José Pacheco, Mestre em Ciências da Educação, que vem falar de uma revolução na educação. A partir do seu discurso, compreendemos que o professor existe para partilhar conhecimento e ajudar a escolarizar. Falamos, portanto, no método interrogativo onde o intuito é pôr os alunos a pensar e a reflectir. Mas é isto que tem acontecido nas escolas?

    Fazendo a ligação entre os dois vídeos, fica claro que a escola é um sistema auto-organizado, sendo a aprendizagem igualmente auto-organizada. Logo, o professor não pode ser um mero depositador de conhecimentos, mas sim ser um orientador ou mediador das aprendizagens, devendo fazer dos alunos, alunos reflexivos e proactivos.

    Para teres acesso à grelha sobre Projectos Inovadores em Educação que foi sendo preenchida durante a apresentação em aula e acrescentada posteriormente com outros projectos, clica aqui.

    Neste sentido, importa falar da importância da educação não-formal. Em primeiro lugar, gostaria de deixar clara a distinção entre educação formal e não-formal. Enquanto na primeira, susbsiste um programa a cumprir, o técnico é quem assume maior poder e aposta-se na avaliação e certificação, na segunda há uma intencionalidade educativa e o líder e o grupo aprendem mutuamente (Canário, 2001). Por outras palavras, rapidamente se percebeu que todas as instituições contribuem para a formação dos indivíduos, até porque as relações que os sujeitos estabelecem são um meio para o desenvolvimento de aprendizagens. A escola deixa assim de ser, exclusivamente, a única instituição a promover a aprendizagem, que no fundo educa.

    Paulo Freire é um dos célebres autores que enfatiza o papel da educação popular. A partir da sua obra (1997), compreendemos que a educação é encarada a partir de duas vias: bancária e problematizadora (questionar). Para este autor, durante muito tempo a alfabetização foi apenas um processo para depositar palavras, sílabas e letras. Assim, era essencial que os sujeitos fizessem uma reflexão crítica acerca da realidade. Sucintamente, a educação deveria ser vista como forma de libertar e não de domesticar:

 

“Alfabetizar para Libertar”

“Alfabetizar para Domesticar”

Ensino problematizador

Ensino bancário

Em prol da experiência e dos contextos

Desvaloriza a experiência

Processo interactivo

Processo mecânico

Atribuir significado às palavras

Excessiva memorização

Consciência crítica da realidade

Assimilação e reprodução

  

  É visível que a alfabetização não pode ser percepcionada como um acto puramente mecanicista, baseado na repetição e memorização, mas sim como a compreensão crítica da realidade. Porém, e citando Paulo Freire, “a palavra é como se fosse um amuleto, algo justaposto ao homem que não a diz, mas simplesmente a repete. Palavra quase sempre sem relação com o mundo e com as coisas que nomeia” (p. 18). Carecemos, então, de uma revolução na educação!

 

- https://www.ted.com/

- https://www.youtube.com/watch?v=3oPJ0UN_g1k

- https://www.youtube.com/watch?v=mxCPK0mRqC8

- CANÁRIO, Rui (2001). Educação de Adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa.

- FREIRE, Paulo (1977). Acção cultural para a libertação e outros escritos. Lisboa: Moraes Editores, pp. 16-31.

23ª Aula: 16 de Maio de 2013

    Nova semana, novo tema de trabalho. Hoje a aula foi sobre “Mercado de Trabalho para Licenciados em CE”. Foi uma apresentação que me interessou particularmente, uma vez que nos encontramos na recta final do curso e a pergunta do dia é “E agora? O que vou fazer?”.

As colegas começaram por apresentar a ANALCE (algo que já tinha abordado num dos diários de campo), nomeadamente quando surgiu, quais os objectivos da Associação, em que medida pode auxiliar recém-licenciados e o trabalho que tem desenvolvido.

    A segunda parte da sua apresentação foi dedicada à apresentação do Percurso profissional dos diplomados do Instituto de Educação (Universidade de Lisboa): Perfis de formação e empregabilidade 2001-2010, um estudo promovido pelo GAPE (Gabinete de Apoio Psicopedagógico ao Estudante).

    Sucintamente, do estudo que foi feito constatou-se que grande parte dos licenciados em CE tem conseguido inserir-se no mercado de trabalho, a sua grande maioria ao fim de 1 ano após concluir o curso. No entanto, verificou-se que parte dessa amostra detinha mais do que um emprego, provavelmente todos eles a part-time. Outro dado pertinente relaciona-se com o facto da grande maioria  prosseguir nos estudos, ou seja, a maior parte dos recém-licenciados opta por ingressar no Mestrado como forma de se especializar e conseguir, posteriormente, um melhor emprego ou até mesmo um emprego.

    Para mais informações sobre este tipo de estudos, podes consultar ainda: Observatório do Percurso dos Estudantes da UL (2009/2010) e Trajectórias Académicas e de Inserção Profissional dos Licenciados da UL (1999-2003) de Natália Alves.

    Este último resultado leva-me a falar de Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV). Será a Educação vista como a força motriz do desenvolvimento? Ora, segundo Ambrósio (2001) a ALV é uma “necessidade de resposta por parte dos indivíduos à dinâmica social de mudança. Uma mudança que pode ser (…) explicitada pela mudança económica, pela mudança social, pela competitividade, mas que pode ser também (…) por uma dinâmica colectiva” (p. 164). Regra geral há tendência para ver a formação como garante dos nossos problemas, seja de adaptação às mudanças do dia-a-dia ou de integração no mercado de trabalho. Tal como é mencionado por Cabrito (2009), “Perante uma qualquer incapacidade/dificuldade/falha/défice, a resposta está na formação” (p. 10).

    Mas será que a formação resolve mesmo todos os nossos problemas? Claramente que não, pois continua a existir desemprego, desigualdades sociais, incapacidades ao nível de uma questão, e talvez até seja normal (e positivo) porque é a partir desta “incapacitação” que procuramos ser melhores, procuramos evoluir. Ainda segundo este autor “Aprender até morrer é formação, (…) Mas, aprendo até morrer em todos os locais e momentos, intencionalmente ou não” (p. 12). Conclui-se que os indivíduos aprendem em todos os tempos de vida e em todos os espaços. Tudo conta, aprendo com as minhas experiências e com as dos outros. Tudo é aprendizagem, desde que o sujeito esteja predisposto a aprender – sinta vontade de aprender e de se educar.

    No final da aula, foi feito um exercício com a turma que consistia em perceber quais as competências que adquirimos na Licenciatura e são relevantes no mercado de trabalho. Em grupo, discutiu-se as seguintes competências: saber ouvir; espírito de equipa; sentido crítico; autonomia; aptidão para a escrita; responsabilidade; flexibilidade; capacidade de síntese; e inovação. Todavia, as mais votadas foram mesmo o espírito de equipa e o sentido crítico. Portanto, uma forma de nos destacarmos é dar uso às competências adquiridas ao longo do curso e, sobretudo, fazer diferente!

 

- https://www.ie.ul.pt/pls/portal/docs/1/345631.PDF

- https://www.opest.ul.pt/pdf/ulempreg12m.pdf

- https://www.ul.pt/pls/portal/docs/1/49733.PDF

- https://www.ie.ul.pt/portal/page?_pageid=406,1078540&_dad=portal&_schema=PORTAL

- AMBRÓSIO, Teresa (2001). Ensinar numa perspectiva de aprender ao longo da vida. In: Teresa Ambrósio. Educação e Desenvolvimento: contributo para uma mudança reflexiva da educação. Lisboa: UIED, FCT/UNL, pp. 163-170.

- CABRITO, Belmiro (2009). Aprendizagem ao longo da vida ou aprender até morrer. In: Belmiro Cabrito e Maria Costa (Orgs.). Quotidiano(s) de Saúde: contexto(s) de formação. Lisboa: Educa, pp. 9-15.

24ª Aula: 23 de Maio de 2013

    Hoje a aula foi uma aula de tutoria. Mais uma vez a professora reuniu-se, individualmente, com cada grupo a fim de serem analisados os últimos pormenores do Relatório. Num primeiro momento da tutoria, foram acordadas novas datas para a entrega do Portefólio e do Relatório:

  • 13 de Junho – Entrega do Portefólio
  • 21 de Junho – Entrega da 1ª versão do Relatório (dropbox)
  • 1 de Julho – Lançamento informal das notas (feedback do Relatório)
  • 8 de Julho – Lançamento formal das notas (entrega da 2ª versão do Relatório, em formato papel)

    Num segundo momento, discutiram-se alguns pontos que devem integrar a reflexão final do trabalho, nomeadamente de que forma são vistos os licenciados em CE no terreno, o que existe de Formação de Adultos em Portugal e onde existe e qual a identidade da Associação (reconhecimento do seu trabalho ou do trabalho dos formadores?).

    Não posso deixar de salientar a importância deste tipo de aulas. Na verdade, as tutorias têm como principal objectivo prestar um acompanhamento individual ao trabalho de cada grupo. Pessoalmente, as tutorias têm sido essenciais para o próprio desenvolvimento do projecto, na medida em que me é possível expor dúvidas e assimilar pormenores que nas aulas não seria possível devido ao elevado número de grupos.

    Uma vez que a “identidade profissional” foi um  dos temas abordados na tutoria, considerei que fazia sentido reflectir um pouco sobre esta questão. Sabemos que tanto os professores como os profissionais de Ciências da Educação não são abrangidos por um código deontológico. A finalidade de um código deontológico é formalizar deveres e orientar a conduta dos profissionais. Basicamente, a Deontologia “consiste essencialmente na proclamação dos valores fundamentais de uma profissão (…) na formulação de princípios para o exercício e sua operacionalização em normas de conduta que determinam a responsabilidades dos profissionais na relação com os seus diversos interlocutores” (informação retirada do Documento de Trabalho da Unidade Curricular de Teoria da Educação, p. 94). Compreendemos, portanto, que a Deontologia deve orientar a profissionalidade e zelar pelo profissionalismo. Outra das funções de um código deontológico na educação é conceder prestígio à profissão e garantir a qualidade da própria educação.

    Analisando uma notícia publicada em Novembro de 2012 pelo Jornal Público acerca desta temática, embora se centre na profissão docente, o professor Reis Monteiro defende que a “existência de um organismo auto-regulador seria um factor de confiança pública e prestígio da profissão”. No entanto, também é referido na notícia que só a Assembleia da República pode conferir “base de legislação pública”.

    Para concluir, é visível que a criação de um código deontológico daria maior poder às Ciências da Educação e, provavelmente, maior reconhecimento ao nível do mercado de trabalho.

 

- https://www.publico.pt/sociedade/noticia/professores-querem-um-codigo-deontologico-1570393

- DOCUMENTO DE TRABALHO DA UNIDADE CURRICULAR DE TEORIA DA EDUCAÇÃO. A Educação como Profissão, pp. 84-95.

25ª Aula: 30 de Maio de 2013

    Começaram hoje as apresentações finais dos projectos, sendo que apresentaram quatro grupos. Mais do que ouvir atentamente esperava-se que os alunos participassem activamente, ou seja, que no final de cada apresentação colocassem questões e reflectissem sobre formas de continuidade do projecto.

    De forma global, todos os grupos conseguiram cumprir com os objectivos propostos na planificação, embora também tenha sido possível percepcionar que um ou outro objectivo no final não foi verdadeiramente atingido. O meu grupo, por exemplo, entre outros, formulou como objectivos específicos:  levar os formandos a conseguir identificar dificuldades sentidas na formação e criar hábitos de pensamento e reflexão sobre as próprias dificuldades. No fundo, estes dois objectivos não foram minimamente cumpridos, pois o tipo de projecto que desenvolvemos não foi sequer ao encontro destes. Para que tal fosse possível, era necessário que existisse um acompanhamento das acções de formação para pudermos avaliar o impacto que essas acções tinham tido junto dos formandos.

    Isto significa, que por vezes só temos noção da dimensão do projecto quando nos encontramos numa fase mais avançada e, por isso, apenas no decorrer do projecto é que nos apercebemos que alguns dos objectivos foram demasiado ambiciosos. Reforço novamente que a fase de diagnóstico e planificação determinam, muitas vezes, o sucesso ou o insucesso do projecto. Como tal, devem ser discutidas com responsabilidade e assentar nas necessidades da instituição. Na perspectiva de Cortesão, Leite & Pacheco (2002), uma das características fundamentais de um projecto é a sua abertura e flexibilidade a situações imprevistas, o que significa que embora estruturado e planificado terá de ser flexível ao ponto de contrariar a “regulação, a prescrição, a prossecução exclusiva dos objectivos predeterminados” (p. 37).

    Um problema generalizado talvez a todos os grupos tem que ver com a construção de gráficos. Pelos vistos as matemáticas não são o nosso ponto forte e é algo que devemos trabalhar no futuro. O objectivo de um gráfico é permitir ao leitor uma leitura fácil e imediata dos resultados, logo se estes não se encontrarem bem construídos a mensagem que pretendemos transmitir pode ser interpretada de forma errada.

    Mais importante do que apresentar resultados é discuti-los, pois se esse exercício não for feito caímos no erro de sermos apenas descritivos e não reflexivos. Assim, é importante que reflictamos sobre os resultados e, se possível, perceber o porquê de ter sido daquela forma e não de outra. O que condicionou aquele resultado? O que é que aquele resultado nos diz?

 

- CORTESÃO, Luíza; LEITE, Carlinda; & PACHECO, José Augusto (2002). Trabalhar por Projectos em Educação. Uma inovação interessante?. Porto: Porto Editora, pp. 22-59.

26ª Aula: 06 de Junho de 2013

    Hoje foi não só a última aula de Seminário como também o último dia de aulas da Licenciatura, portanto se voltar a ter aulas agora só no Mestrado. E como não poderia deixar de ser foi um dia marcado por novas aprendizagens. A sessão foi, então, dedicada às últimas apresentações dos projectos, sendo que apresentaram os restantes cinco grupos.

    Anteriormente às apresentações, a professora agendou com a turma novas datas quanto a possíveis aulas de tutoria e ao Relatório:

  • Aulas de tutoria (opcionais) – 12 de Junho (tarde) e 14 de Junho (dia todo)
  • 2 de JulhoFeedback presencial da 1ª versão do Relatório
  • 7 de Julho – Entrega da 2ª versão do Relatório, sendo que esta melhoria fica ao critério de cada grupo (e-mail)
  • 8 de Julho – Lançamento formal das notas (entrega da 2ª versão do Relatório, em formato papel)

    Mais uma vez foi notório que os grupos conseguiram cumprir com quase todos os objectivos definidos na planificação, o que é um aspecto bastante positivo. Apesar de não ter mencionado no diário de aula passado, uma questão que esteve quase sempre presente em todos os grupos foi a relação complexa entre o grupo e a própria instituição. Percebi que o facto de este trabalho não ter um cariz formal de estágio faz com que as instituições vejam a nossa presença como forçada. A existência desse protocolo poderia facilitar a integração dos estudantes nas respectivas instituições, mas também não posso deixar de referir que a comunicação pode ser um bom meio para resolver este tipo de situações. Por outras palavras, se justificarmos devidamente o que pretendemos com o nosso projecto e qual o impacto que trará para a instituição, acredito que a nossa integração e a relação estabelecida acontecerá de forma genuína. Saliento apenas que quando os sujeitos se relacionam é natural que surjam conflitos, o importante é trabalhar em conjunto e pelos mesmos objectivos.

    No momento de apresentar e discutir os resultados seria pertinente compreender de que modo esses resultados influenciaram os próprios resultados do projecto. Principalmente pretende-se que o projecto não só ganhe algum significado (e não ser apenas mais um entre muitos) como também que cada grupo reflicta sobre todo o processo, nomeadamente aquilo que foi feito e aquilo que poderia ter sido feito.

    Para finalizar, gostaria de evidenciar a importância da avaliação do projecto. Neste sentido, na visão de Capucha (2008) a avaliação “permite verificar os resultados obtidos, constituindo-se em auxiliar precioso de prestação de contas que torna mais transparentes e comparáveis as intervenções e os respectivos méritos, como ainda potencia a capacidade negocial e de participação dos intervenientes e das populações” (p. 45). Esta é, portanto, “o principal instrumento de apoio à replicação e reprodução alargada das boas práticas, porque permite compreender tanto os sucessos como os insucessos das acções desenvolvidas” (p. 45).

    O impacto do projecto é uma questão que deve ser trabalhada, mas mais do que reflectir sobre o impacto devemos reflectir sobre formas de continuidade, isso sim traduzir-se-á no verdadeiro impacto. Tal como o autor nos diz:

 

- CAPUCHA, Luís (2008). Planeamento e Avaliação de Projectos: Guião Prático. Lisboa: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, pp. 01-60.